domingo, 30 de junho de 2013

E a Globo piscou: Teve que admitir que foi obrigada a pagar 615 milhões de reais à Receita Federa



Teve que admitir que foi obrigada a pagar 615 milhões de reais à Receita Federal depois de ter sido pilhada numa trapaça fiscal.

Segundo documentos publicados pelo blog O Cafezinho, do jornalista Miguel do Rosário, a Globo tratou a compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002 como se fosse um investimento no exterior.
Para completar, se utilizou, na fraude, de um paraíso fiscal, as Ilhas Virgens.
Um caso tão importante foi tratado em regime de sigilo na justiça.
Como isso pôde ocorrer? Como a sociedade não teve acesso a informações tão relevantes?
É sempre assim? Ou a Globo goza de alguma proteção especial?
E o Ministério Público, como se comportou nesse caso?
Há uma série de questões que devem ser respondidas.
Até aqui, o maior mérito vai para Rosário, do Cafezinho.
Mas também deve ser elogiado o trabalho do repórter Ricardo Feltrin, do UOL, que a partir das informações do blog fez o que a mídia deveria fazer caso estivesse realmente interessada no bem do Brasil: foi atrás do caso.
Feltrin procurou a Globo com a força do UOL.
Recebeu inicialmente uma resposta-fantasia, “um eufemismo”, segundo ele.
Não havia mais nenhuma pendência.
Ele retornou. Disse que queria confirmar se a Globo pagara de fato uma multa de mais de 200 milhões de reais pelo que foi classificado como uma operação irregular.
A Globo então admitiu que sim.
E publicou uma nota.
Isso não pode ficar assim, naturalmente. A complexa relação da Globo com os impostos tem que ser submetida ao desinfetante da transparência.
É o interesse público que está em jogo.
Cadê a Folha, por exemplo, que diz ser um jornal a serviço do Brasil? Por que ela não cobre esse tipo de assunto?
Não é todo dia que aparece uma história que envolva tanto dinheiro na Receita Federal.
Há alguns meses, uma nota cifrada da coluna Radar, da Veja, falou numa outra disputa da Globo com a Receita na casa de 2,1 bilhões de reais.
Ninguém foi atrás. Nem a própria Veja, que deu a informação. Nem o editor do Radar, Lauro Jardim.
Que jornalismo é esse?
Um país em que as corporações acham que podem lidar com a Receita do jeito que querem não pode funcionar.
Onde o dinheiro para construir escolas ou hospitais, ou portos e aeroportos, se a Globo e outras companhias não pagam o imposto devido?
O contribuinte tem que saber mais sobre este caso e outro.
A Globo já se pronunciou oficialmente.
Agora é a vez da Receita de se manifestar.
Termino aqui com uma frase de dom Mauro Morelli, bispo emérito de Duque de Caxias, no Rio.
Numa entrevista que o Diário publicou hoje no Essencial, dom Mauro Morelli, bispo emérito de Duque de Caxias, disse uma frase que deveria entrar na alma de cada brasileiro.
Dom Mauro falava sobre as manifestações.
Não há maior corrupção, disse ele, do que um sistema que estimula a desigualdade social.
A Globo, como se viu no caso publicado pelo Cafezinho e seguido pelo UOL, é a expressão maior desse sistema de que falou o bispo.

Todos à porta da Globo: OCUPE A REDE GLOBO DIA 03/07



OCUPE A REDE GLOBO – Assembleia temática “democratização da mídia”

R. Von Martius, 22 – Jardim Botânico – RJ

17:00 – Protocolaremos na Globo o documento da Receita Federal que comprova a sonegação da Globo.

17:30 – Início da Assembleia Temática “Democratização da Mídia”

Durante a assembleia recolheremos assinaturas do abaixo-assinado da Lei da Mídia Democrática.

Organização:
Cidadania Sim! Pig Nunca mais.
Barão de Itararé

FRED, NEYMAR E FRED DE NOVO: BRASIL 3 X 0 ESPANHA

Num gol-relâmpago, Fred marcou 1 a 0, mesmo deitado na pequena área; no fim do primeiro tempo, Neymar fez um golaço depois de tabelar com Oscar; no início do segundo tempo, Fred fez mais um; do lado de fora, manifestantes entraram em confronto com a polícia
30 DE JUNHO DE 2013
Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O atacante Fred garantiu vantagem para o Brasil no jogo contra a Espanha, na final da Copa das Confederações, logo nos dois primeiros minutos de jogo. Praticamente caído, ele chutou a bola que havia sido cruzada por Hulk, após tentativa de Neymar. O Brasil surpreendeu os espanhóis com uma postura bastante ofensiva, partindo para o ataque sem cessar, obrigando a Espanha a se limitar a seu próprio campo.
A torcida que lota as arquibancadas do estádio Maracanã empurra o time para o ataque, pedindo mais gol. Mas, se dentro do estádio o clima é de festa, do lado de fora houve registro de confronto entre a polícia e um grupo de manifestantes. Logo no início da partida, o cheiro de gás lacrimogêneo pôde se sentido por torcedores.
No fim do primeiro tempo, Neymar e Oscar tabelaram e o atacante do Barcelona fez 2 a 0. Antes, num lance milagroso, David Luiz salvou o que seria o empate dos espanhóis. No início do segundo tempo, também aos dois minutos, Fred fez o terceiro gol do Brasil.
Isabela Vieira*
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Um grupo de pessoas que participava da manifestação nos arredores do estádio Maracanã entrou em confronto com a polícia há pouco. O clima ficou tenso depois que manifestantes arremessaram objetos, como latas e pedras, nos policiais, que revidaram com bombas de gás para dispersar o grupo.
O veículo blindado da Polícia Militar, conhecido como Caveirão, permanece estacionado na esquina entre a Avenida Maracanã e a Rua Professor Henrique Rebelo.
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Equipe da Rede Globo é expulsa durante protestos contra Copa




Manifestantes que estão na Tijuca chutaram carro da Rede Globo Foto: Monica Garcia / Artevista Comunicação, Assessoria e Empreendimentos Culturais Ltda - Especial para o Terra
Manifestantes que estão na Tijuca chutaram carro da Rede Globo
Foto: Monica Garcia / Artevista Comunicação, Assessoria e Empreendimentos Culturais Ltda - Especial para o Terra

  • Cirilo Junior
    Direto do Rio de Janeiro
Manifestantes que se concentram na Praça Saens Peña, na Tijuca, zona norte do Rio, hostilizaram uma equipe da Rede Globo que fazia a cobertura jornalística de mais um protesto contra a realização de grandes eventos esportivos no Brasil, como a Copa das Confederações e Copa do Mundo. Ao avistarem o repórter Vandrey Pereira, os manifestantes começaram a gritar palavras de ordem contra a emissora.


Os jornalistas foram obrigados a se retirar, depois de um grupo de policiais escoltar a equipe da Globo. O carro da emissora, descaracterizado, ainda chegou a ser chutado por algumas pessoas. Outros manifestantes ameaçaram outros jornalistas em meio a confusão.



Veja momento em que sede da CBF é invadida por manifestantes

Milhares de pessoas permanecem no local. Eles pretendem caminhar até o estádio do Maracanã, que tem forte bloqueio policial em todo o seu entorno.

Representante da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, André Borges defendeu a atitude dos manifestantes, que quase agrediram o repórter da Globo.

"Eles têm o direito a se manifestar contra a mídia. A mídia mente sobre as manifestacoes. Ela também precisa fazer uma autocrítica, a revolta é contra o sistema", afirmou. "Eles não podem agredir, mas podem expulsar, sim", acrescentou.




Terra
Do Portal do Terra.com.br

QUEM COM FERRO FERE...: Equipe da Rede Globo é expulsa durante protestos contra Copa


 Lambido do Portal Terra


Equipe da Rede Globo é expulsa durante protestos contra Copa



Manifestantes que estão na Tijuca chutaram carro da Rede Globo Foto: Monica Garcia / Artevista Comunicação, Assessoria e Empreendimentos Culturais Ltda - Especial para o Terra
Manifestantes que estão na Tijuca chutaram carro da Rede Globo
Foto: Monica Garcia / Artevista Comunicação, Assessoria e Empreendimentos Culturais Ltda - Especial para o Terra

  • Cirilo Junior
    Direto do Rio de Janeiro

Manifestantes que se concentram na Praça Saens Peña, na Tijuca, zona norte do Rio, hostilizaram uma equipe da Rede Globo que fazia a cobertura jornalística de mais um protesto contra a realização de grandes eventos esportivos no Brasil, como a Copa das Confederações e Copa do Mundo. Ao avistarem o repórter Vandrey Pereira, os manifestantes começaram a gritar palavras de ordem contra a emissora.
Do Blog Língua de Trapo.

Bombas semióticas explodem na mídia



Paralela à escalada de manifestações no País, nesse momento em cada redação de um veículo de comunicação e em cada cobertura jornalística nas ruas, está sendo travada uma verdadeira guerrilha semiótica: um enorme aparato de recursos bélicos retóricos, linguísticos e semiológicos está sendo mobilizado para saturar fotografias e vídeos com significações que apontam para uma estratégia discursiva bem evidente: a imagens devem ser testemunhas da instabilidade, caos e baderna que dominaria a Nação. Encontramos duas “bombas semióticas” (uma no Portal Terra e outra na autodenominada “edição histórica” da revista Veja) e tentamos desmontá-las em um exercício de engenharia reversa. Bombas camufladas em informação, mas que explodem para criar ondas de choque de um tipo de propaganda baseada no esvaziamento de dois símbolos: a da “bandeira nacional” e o do “manifestante”.

Junto com as manifestações nas ruas de várias cidades no País, está ocorrendo uma guerrilha de um tipo muita especial: uma guerrilha semiótica nas mídias. Depois da primeira semana em que se viram perplexos diante das manifestações que saíram do script do jogo político-institucional e reponderam de uma forma reflexa (taxando os manifestantes de “criminosos” e “politicamente burros”) os meios de comunicação monopolistas encontraram uma narrativa em que podiam ser encaixados os acontecimentos: o roteiro da escalada da instabilidade, descontrole e baderna que estaria minando o governo federal.

Para tanto, nesse momento está sendo mobilizando um impressionante aparato retórico, linguístico e semiótico em fotografias e vídeos. Uma mobilização talvez somente comparável às estratégias discursivas de períodos de guerra como a propaganda política norte-americana e nazista durante a Segunda Guerra Mundial.


Revista "Veja", edição 2327.
Capas de revistas semanais, portais de internet e imagens de TV transbordam de efeitos retóricos e linguísticos, tornando as imagens carregadas e propagandísticas de uma forma tão explícita que é incrível que leitores, telespectadores e internautas não se insurjam contra um produto que diz informar quando, na verdade, é propaganda travestida de notícia.

Para fins didáticos, vamos tentar desmontar duas “bombas semióticas” que se destacaram na blitzkrieg midiática dos últimas dias: primeiro a capa da “edição histórica” (como se autodenominou a revista Veja n° 2327) com o título “Os sete dias que mudaram o Brasil” e o printscreen de um flagrante do portal Terra acessado em 27/06 onde vemos uma chamada com o título “BH se despede de teste com morte, terror nas ruas e sopro de futebol” – veja as imagens ao lado e abaixo.



Portal Terra acessado em 27/06

Dessimbolização


Os primeiros elementos que chamam a atenção nas duas fotos são a bandeira nacional e as figuras solitária de manifestantes.  Esses dois elementos são tradicionalmente dominantes no fotojornalismo centrado em passeatas e manifestações: são sempre destacados como símbolos. Todo símbolo evoca uma força de reconciliação, prenuncia a reunificação de “restos” espalhados pelo mundo. A bandeira nacional é a Nação, a unificação das diferenças étnicas, de classe e geográficas através da força de um pacto. E os manifestantes tradicionalmente são mostrados em conjunto como nas fotos clássicas das manifestações de Maio de 1968 na França, a caminhada dos 100 mil no Brasil contra a ditadura militar etc. Grandes multidões de manifestantes, em movimento ou portando cartazes e faixas, são a materialização de símbolos ideológicos e políticos.

Mas nessas “bombas linguísticas” temos uma espécie de regressão semiótica do símbolo para o índice. A bandeira que vemos nas fotos não é mais um símbolo de unificação, mas um índice de abandono e esgarçamento. Na foto da Veja ela remete ainda a uma regressão intermediária – de símbolo a ícone como “manto” sobre o corpo do manifestante – mas as franjas nas bordas sugerem retoricamente uma bandeira com tecido esgarçado ou rasgado. Ou seja, índices de descontrole e instabilidade, a bandeira vítima da violência e caos.

Na foto do portal Terra a bandeira está jogada, parece cobrir alguma coisa ou está estendida, com o lema “ordem e progresso” invertido. Novamente índices de abandono e enfraquecimento de um outrora símbolo de unificação.

Os manifestantes estão solitários e impotentes: na capa da Veja uma jovem caminha para frente, mas olha para o lado. Sabemos que em jornalismo noticiar que milhares morreram ou ficaram feridos pouco sensibiliza os receptores. Porém se for destacado um caso individual, o impacto será muitas vezes maior. Mas nessas fotos temos algo diferente: o manifestante solitário transmite, novamente, índices do descontrole e instabilidade. No portal Terra, o manifestante está curvado diante da destruição e chamas.

Esse mecanismo de regressão do símbolo para o índice (dessimbolização) tem na atualidade uma força muito grande, principalmente pela sintaxe metonímica do discurso publicitário no qual os jovens estão bem inseridos como consumidores. Se no símbolo temos a ideia que remete a outra coisa por meio da analogia, metáfora ou alegoria, na metonímia temos uma contiguidade (aproximação) entre o índice e a representação de um objeto mais geral já presente na mente do intérprete. Se o texto ou as chamadas falam em “terror nas ruas” e “morte”, a apresentação de antigos elementos simbólicos como a bandeira e o manifestante serão esvaziados de seu simbolismo (Nação e União, respectivamente) para serem apresentados como evidências ou sintomas de um clima mais geral de desordem e caos: em ambas as fotos a bandeira colocada em uma zona de penumbra (futuro tenebroso?), cobrindo algo, jogada ou esfarrapada; e o manifestante solitário, impotente e não mais mostrado em grupo demonstrando força e convicção.

Não é por acaso que, de repente, slogans usados pelos jovens manifestantes são referências a slogans publicitários como “O Gigante Acordou” (da campanha do Johnny Walker): em um ambiente semiótico tão dessimbolizado, a aproximação metonímica com os “símbolos” publicitários torna-se automática.

O Amarelo


O amarelo: na psicologia das cores, é a cor
mais contraditória
Outra coisa que chama a atenção é o domínio da cor amarela, seja na matiz da fotografia como nas chamas que eclodem da destruição que domina a composição fotográfica.

Segundo a psicóloga alemã Eva Heller no seu livro Psicologia das Cores – sentimentos, impressões e simbologia, o amarelo é a cor com um imaginário mais contraditório: otimismo e ao mesmo tempo ciúme. É a cor da diversão e entendimento, mas por outro lado é também da traição. Vai do amarelo ouro ao amarelo enxofre, do nobre ao mal cheiroso e demoníaco. Em combinação com o preto como no caso da foto do portal Terra inspiraria sentimentos negativos como traição e mentira.

É a cor da ameaça (por exemplo, “a ameaça amarela”, para designar a China ou como o “povo amarelo” era encarado nos EUA, como estrangeiros dissimulados e traiçoeiros). O amarelo ouro da bandeira é neutralizado na penumbra para dominar a composição o amarelo enxofre para dar uma atmosfera infernal, reforçando o efeito retórico geral de descontrole, instabilidade e caos.

Composição


Os elementos principais das fotos (manifestante e bandeira) estão em contra luz, reforçando ainda mais o processo de dessimbolização descrito acima, onde bandeira e manifestante são colocados solitários para criar o índice do abandono e impotência.

Os enquadramentos estão inclinados para a esquerda (no caso da Veja, uma inclinação mais leve), em um clássico recurso da linguagem visual dos filmes policiais ou thrillers para reforçar uma situação de risco, desequilíbrio e ameaça latente.

Por isso, a composição é tão saturada que já deixou de ser fotojornalismo ou mesmo “foto-choque” da antiga “imprensa marrom”: são explicitamente posadas em uma decupagem cênica onde os elementos parecem com uma posição marcada como em um palco de teatro. Explícitamente perderam a natureza espontânea de flagrante para se constituírem em fotos posadas e meticulosamente compostas a partir de clichês da galeria de imagens seja da cabeça do fotógrafo ou de editores.

Duplo vínculo na comunicação visual


Um cenário pós-apocalipse divide tranquilamente o
espaço com a normalidade rotineira dos anúncios
O antropólogo e psiquiatra inglês Gregory Bateson costumava definir o problema do esquizofrênico como uma questão de comunicação: ele não conseguia entender certas ciladas lógicas que a nossa linguagem cria que ele chamou de “duplo vínculo”: se uma mãe nervosa ralha com a criança que não para de falar na refeição dizendo “fecha a boca e come”, a criança poderá não compreender as dupla mensagem contraditória (como posso fechar a boca e comer ao mesmo tempo?), entrando num estado de paralisia sem entender a conotação da frase.

Pois igualmente essas fotografias estão imersas em uma dupla mensagem contraditória entre textos e a retórica/disposição semiótica das fotografias, resultando numa interpretação esquizo por parte do receptor.

A capa da Veja fala em fala em “sete dias que mudaram o Brasil”, mas na composição e retórica fotográfica passa a ideia geral de medo, insegurança e impotência. Bem diverso do tom heroico e “histórico” que o texto comunica. Enquanto isso no Portal Terra a fotografia alarmista e aterrorizante compartilha o espaço confortavelmente com anúncios de TV por assinatura, tênis e aparelhos de TV. Se na fotografia temos um cenário de um típico filme “pós-apocalipse” hollywoodiano, no entorno do espaço gráfico há uma normalidade cotidiana contraditória.

Se para Bateson, o duplo vínculo produz uma situação onde o esquizofrênico não consegue compreender simbolismos, metáforas ou conotações e reduz-se à literalidade da linguagem (comer de boca fechada é impossível), da mesma forma os intérpretes dessas fotos tendencialmente vão dessimbolizá-las, reduzindo-as à literalidade do que veem: índices, pistas, evidências do caos e da baderna que tomou conta do País. Sabemos que a repercussão política desse diagnóstico chapado de uma conjuntura pode resultar em apoio das massas a medidas bem drásticas e nefastas.

*****************

Mesmo após desarmarmos essas duas bombas semióticas, não podemos garantir que não explodirão: elas já foram detonadas e continuam explodindo no campo da opinião pública! O que nos leva a duas hipóteses:

(a) apesar do aspecto retoricamente carregado, não espontâneo e posado dessas fotos, elas têm força graças ao senso comum que possuímos em relação às fotografias, tidas como decalques da realidade, e não um exercício arbitrário de intencionalidade do fotógrafo.

(b) a força dessas bombas semióticas é também um sintoma do monopólio midiático: esta retórica e composição visual é tão comum e clichê em qualquer mídia que se tornou naturalizado e autoevidente. 

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Do Blog CINEMA SECRETO: SINEGNSE.

“Chega”, de Seu Jorge, é a pior canção de protesto de todos os tempos?

As manifestações ficaram órfãs de uma boa música-tema (o que talvez não seja uma má notícia).
 
Nenhuma música captou o espírito das manifestações.
A que ficou mais vinculada a elas, ironicamente, é um jingle da Fiat cantado por Falcão, do Rappa. “Vem Pra Rua” foi composta para a Copa das Confederações, portanto, antes das passeatas. Acabou ligada, de alguma maneira, aos protestos – mas não que fosse a trilha sonora de fato. Na verdade, se as multidões entoavam algum verso, eram os do Hino Nacional e olhe lá.
Na tentativa de ocupar esse espaço, Latino compôs “O Gigante Acordou”. Padrão Latino, ou seja, abaixo da crítica. Apesar disso, ninguém bate o trio formado por Seu Jorge, Gabriel Moura e Pretinho da Serrinha. Na quarta-feira, 26 de junho, eles lançaram no YouTube “Chega (Não é Pelos Vinte Centavos)”.
Não é só o timing que é equivocado. A composição é um primor de falta de noção. Desde Agepê ninguém rimava “respeito” com “direitos”, “cara” e “rara”, “saúde” e “atitude”, “impunidade” e “desigualdade” com essa desfaçatez.
Seu Jorge e Moura eram colegas no grupo Farofa Carioca, banda cult elogiada sobretudo por quem nunca a ouviu. Pretinho da Serrinha, novo protegé de Caetano Veloso, parece constrangido entre os dois colegas. É evidente que, apesar de seus esforços, eles não entenderam o que aconteceu – e, se bobear, assistiram as manifestações da sala do apartamento.
Como no caso de Pelé, que entrou de forma desastrada no debate, alguém podia tê-los aconselhado a ficar calados: “Olha, legal a ideia, bonita a intenção, mas o momento já é outro. Não dá pra mandar todo mundo pra rua se o pessoal está voltando pra casa. É ou não é, galera? Que tal o ‘Samba do Impeachment’? Hem, hem?”. Num caso extremo de ninguém concordar, talvez fosse o caso de quebrar um cavaquinho e simular um enfarto.
“Chega” é a pior canção de protesto de todos os tempos. Falta-lhe de tudo um pouco: uma letra que retrate de modo original o que acontece no Brasil; uma melodia assobiável; uma boa interpretação; a hora certa.
Esse movimento não consagrou nenhuma canção. Não houve uma “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores”, uma “Vai Passar” ou algo do tipo. Não chega a ser, obviamente, um problema. Além do mais diante das alternativas apresentadas.
Kiko Nogueira
No DCM