domingo, 31 de março de 2013

Homenagem ao meu cumpadi Saraiva

Cumpadi, lembra-se destas imagens? Fotografei em sua homenagem.




As penas voam: Tucanos já falam em primárias


Sem querer, o jornal de oposição ao governo, o Globo, contou um segredo do PSDB:“Na avaliação da cúpula do PSDB, Aécio terá mais condições, como presidente da legenda, de fazer oposição ao governado federal e à presidente Dilma Rousseff, que é candidata à reeleição” 
 Num esforço para tentar demonstrar um prenúncio de união em meio às divergências tucanas, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, reforçou ontem que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) é o nome natural para assumir a presidência do partido. Alckmin minimizou, no entanto, os problemas que o PSDB enfrenta com José Serra, que ameaça deixar o partido, caso não seja ouvido na formação da nova executiva do PSDB, que deverá ter Aécio na cabeça. O PSDB fará eleição para escolher a nova Executiva Nacional da legenda em maio deste ano.

Aécio deve presidir o psdb

Enquanto isso, Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB e aliado de Serra, diz que o nome de Aécio para presidir o partido "é um fato definitivo", mas não sabe dizer se o nome do senador mineiro é o melhor para disputar a Presidência da República. Goldman defende que sejam realizadas primárias para a escolha do candidato do partido a presidente.

Alckmin evitou falar sobre a candidatura de Aécio Neves para a Presidência da República em 2014.

A direção do PSDB trabalha para eleger Aécio como presidente nacional do partido, o que seria o primeiro passo para dar corpo à candidatura dele à Presidência do país em 2014.

Na avaliação da cúpula do PSDB, Aécio terá mais condições, como presidente da legenda, de fazer oposição ao governado federal e à presidente Dilma Rousseff, que é candidata à reeleição.

Alckmin estava relutando em se manifestar. Mas, esta semana, atendendo a pedido da direção partidária, declarou apoio a Aécio. O governador paulista esteve ontem em Brasília para audiência com o ministro dos Portos, Leônidas Cristino. Os dois trataram dos problemas no Porto de Santos.

O tucano também evitou criticar a presidente Dilma Rousseff. Indagado sobre as declarações da presidente sobre as políticas para conter inflação, que mexeram com o mercado financeiro e elevaram os juros futuros, o governador de SP se limitou a responder; Acho que ela depois esclareceu e reduziu o estresse.

21 anos de vergonha




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A corrupção na ditadura militar


Maluf, Gaspari, Cesar Civita, Victor Civita, João Figueiredo e Augusto Nunes
Moralismo capenga

O combate à corrupção foi palavra de ordem durante a ditadura. Nos porões do regime, porém, a ilegalidade prevaleceu.

Heloisa Maria Murgel Starling


Combater a corrupção e derrotar o comunismo: esses eram os principais objetivos que fermentavam os discursos nos quartéis, às vésperas do golpe que derrubou o governo João Goulart, em março de 1964. A noção de corrupção dos militares sempre esteve identificada com uma desonestidade específica: o mau trato do dinheiro público. Reduzia-se a furto. Na perspectiva da caserna, corrupção era resultado dos vícios produzidos por uma vida política de baixa qualidade moral e vinha associada, às vésperas do golpe, ao comportamento viciado dos políticos diretamente vinculados ao regime nacional-desenvolvimentista. 
Animado por essa lógica, tão logo iniciou seu governo, o marechal Castello Branco (1964-1967) prometeu dar ampla divulgação às provas de corrupção do regime anterior por meio de um livro branco da corrupção – promessa nunca cumprida, certamente porque seria preciso admitir o envolvimento de militares nos episódios relatados. Desde o início o regime militar fracassou no combate à corrupção, o que se deve em grande parte a uma visão estritamente moral da corrupção. 
Essa redução do político ao que ele não é – a moral individual, a alternativa salvacionista – definiu o desastre da estratégia de combate à corrupção do regime militar brasileiro, ao mesmo tempo em que determinou o comportamento público de boa parte de seus principais líderes, preocupados em valorizar ao extremo algo chamado de decência pessoal. 
Os resultados da moralidade privada dos generais foram insignificantes para a vida pública do país. O regime militar conviveu tanto com os corruptos, e com sua disposição de fazer parte do governo, quanto com a face mais exibida da corrupção, que compôs a lista dos grandes escândalos de ladroagem da ditadura. Entre muitos outros estão a operação Capemi (Caixa de Pecúlio dos Militares), que ganhou concorrência suspeita para a exploração de madeira no Pará, e os desvios de verba na construção da ponte Rio–Niterói e da Rodovia Transamazônica. Castello Branco descobriu depressa que esconjurar a corrupção era fácil; prender corrupto era outra conversa: “o problema mais grave do Brasil não é a subversão. É a corrupção, muito mais difícil de caracterizar, punir e erradicar”.
A declaração de Castello foi feita meses depois de iniciados os trabalhos da Comissão Geral de Investigações. Projetada logo após o golpe, a CGI conduzia os Inquéritos Policiais-Militares que deveriam identificar o envolvimento dos acusados em atividades de subversão da ordem ou de corrupção. Com jurisdição em todo o território nacional, seus processos obedeciam a rito sumário e seus membros eram recrutados entre os oficiais radicais da Marinha e da Aeronáutica que buscavam utilizar a CGI para construir uma base de poder própria e paralela à Presidência da República. 
O Ato Institucional n.º 5, editado em 13 de dezembro de 1968, deu início ao período mais violento e repressivo do regime ditatorial brasileiro – e, de quebra, ampliou o alcance dos mecanismos instituídos pelos militares para defender a moralidade pública. Uma nova CGI foi gerada no âmbito do Ministério da Justiça com a tarefa de realizar investigações e abrir inquéritos para fazer cumprir o estabelecido pelo Artigo 8º. do AI-5, em que o presidente da República passava a poder confiscar bens de “todos quantos tenham enriquecido, ilicitamente, no exercício de cargo ou função pública”.
Para agir contra a corrupção e dar conta da moralidade pública, os militares trabalharam tanto com a natureza ditatorial do regime como com a vantagem fornecida pela legislação punitiva. Deu em nada. Desde 1968 até 1978, quando foi extinta pelo general Geisel, a CGI mancou das duas pernas. Seus integrantes alimentaram a arrogante certeza de que podiam impedir qualquer forma de rapinagem do dinheiro público, através da mera intimidação, convocando os cidadãos tidos como larápios potenciais para esclarecimentos. 
A CGI atribuiu-se ainda a megalomaníaca tarefa de transformar o combate à corrupção numa rede nacional, atuando ao mesmo tempo como um tribunal administrativo especial e como uma agência de investigação e informação. Acabou submergindo na própria mediocridade, enredada em uma área de atuação muito ampla que incluía investigar, por exemplo, o atraso dos salários das professoras municipais de São José do Mipibu, no Rio Grande do Norte; a compra de adubo superfaturado pela Secretaria de Agricultura de Minas Gerais e as acusações de irregularidades na Federação Baiana de Futebol. Entre 1968 e 1973 os integrantes da comissão produziram cerca de 1.153 processos. Desse conjunto, mil foram arquivados; 58 transformados em propostas de confisco de bens por enriquecimento ilícito, e 41 foram alvo de decreto presidencial.
Mas o fracasso do combate à corrupção não deve ser creditado exclusivamente aos desacertos da Comissão Geral de Investigações ou à recusa de membros da nova ordem política em pagar o preço da moralidade pública. A corrupção não poupou a ditadura militar brasileira porque estava representada na própria natureza desse regime. Estava inscrita em sua estrutura de poder e no princípio de funcionamento de seu governo. Numa ditadura onde a lei degradou em arbítrio e o corpo político foi esvaziado de seu significado público, não cabia regra capaz de impedir a desmedida: havia privilégios, apropriação privada do que seria o bem público, impunidade e excessos. 
A corrupção se inscreve na natureza do regime militar também na sua associação com a tortura – o máximo de corrupção de nossa natureza humana. A prática da tortura política não foi fruto das ações incidentais de personalidades desequilibradas, e nessa constatação reside o escândalo e a dor. A existência da tortura não surgiu na história desse regime nem como algo que escapou ao controle, nem como efeito não controlado de uma guerra que se desenrolou apenas nos porões da ditadura, em momentos restritos. 
Ao se materializar sob a forma de política de Estado durante a ditadura, em especial entre 1969 e 1977, a tortura se tornou inseparável da corrupção. Uma se sustentava na outra. O regime militar elevou o torturador à condição de intocável: promoções convencionais, gratificações salariais e até recompensa pública foram garantidas aos integrantes do aparelho de repressão política. Caso exemplar: a concessão da Medalha do Pacificador ao delegado Sérgio Paranhos Fleury (1933-1979). 
A corrupção garantiu a passagem da tortura quando esta precisou transbordar para outras áreas da atividade pública, de modo a obter cumplicidade e legitimar seus resultados. Para a tortura funcionar é preciso que na máquina judiciária existam aqueles que reconheçam como legais e verossímeis processos absurdos, confissões renegadas, laudos periciais mentirosos. Também é necessário encontrar gente disposta a fraudar autópsias, autos de corpo de delito e a receber presos marcados pela violência física. É preciso, ainda, descobrir empresários dispostos a fornecer dotações extra-orçamentárias para que a máquina de repressão política funcione com maior precisão e eficácia.
A corrupção quebra o princípio da confiança, o elo que permite ao cidadão se associar para interferir na vida de seu país, e ainda degrada o sentido do público. Por conta disso, nas ditaduras, a corrupção tem funcionalidade: serve para garantir a dissipação da vida pública. Nas democracias – e diante da República – seu efeito é outro: serve para dissolver os princípios políticos que sustentam as condições para o exercício da virtude do cidadão. O regime militar brasileiro fracassou no combate à corrupção por uma razão simples – só há um remédio contra a corrupção: mais democracia.

Heloisa Maria Murgel Starling é professora de História da Universidade Federal de Minas Gerais e co-autora de Corrupção: ensaios e críticas (Editora da UFMG, 2008).


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sábado, 30 de março de 2013

Oráculo da blogosfera veste a carapuça e apela para a mentira na tentativa de desqualificar minha crítica aos "medalhões"


Há cerca de um ano eu escrevi um texto chamado "Há algo de podre no reino da blogolândia", onde eu denunciava a formação de uma espécie de PiG de esquerda a partir de certos "blogueiros medalhões". Para minha surpresa, muita gente concordou com a minha opinião sobre o assunto.

Agora, quem está acompanhando meus últimos textos já percebeu que isso é um fato.

Só para provocar, postei minha crítica aos "medalhões" no blog daquele se considera o "oráculo da blogosfera progressista", Eduardo Guimarães, do blog Cidadania. Um sujeito que posa de democrata e defensor da liberdade de expressão, mas que se torna um verdeira tirano quando alguém ousa criticá-lo ou discordar das suas "verdades". Sua reação, como era de se esperar, foi altamente agressiva. Além de vestir a carapuça, também apelou para mentiras na tentativa de desqualificar a minha crítica. O mais sinistro é que, ao receber minha réplica onde deixava claro que ele estava mentindo, simplesmente deletou meu texto e suas respostas! Algo de uma desonestidade intelectual incrível que fica ainda mais abjeto por se tratar de um suposto porta voz da democracia e da liberdade de expressão.

Vejam sua reação "democrática" à minha crítica (que bom que eu salvei o print screen antes dele deletar tudo):

 "Minha cara, não há medalhões, há blogueiros de maior repercussão. O caso do André é muito triste. Ele queria porque queria estar entre os 10 blogueiros que o Palácio do Planalto, quando Lula era presidente, escolheu para entrevistar o chefe da nação. Acontece que são milhares de blogueiros. Eu não ganhei uma concessão. Nem sou jornalista. Por alguma razão este blog cresceu. Não posso conferir ao André o que ele mesmo não conseguiu. Mas como não conseguiu, passou a insultar os que ele considera “medalhões” e se queimou. Temos um movimento de blogueiros progressistas que tem milhares de blogueiros que são apoiados. Agora, acusar e xingar e cobrar que seja tratado como “medalhão” não é o melhor caminho. O trabalho sério é o único caminho para o sucesso. Eu nem jornalista sou. Este blog tem oito anos. Ninguém me deu nada. Conquistei sozinho. Nem sei porque dei espaço a esse moço. Ele passou semanas me insultando no blog dele sem parar. Mas, vá lá, não guardo rancor." 

"Não digo que é persona non grata, mas tornou-se uma pessoa que a blogosfera achou melhor ignorar. Perdeu o controle, surtou. Publicou um post em que simulou uma conversa entre os blogueiros ditos “medalhões” em que combinavam não convidá-lo a ir ao Palácio do Planalto entrevistar Lula. Foi vergonha alheia de cabo a rabo. Pena, é um rapaz inteligente. Mas ele se ressentiu por seu blog não bombar e descontou a frustração em quem passou a chamar de “medalhões”."




A coisa que mais assusta é a necessidade de mentir sobre as minhas motivações para tentar desqualificar minha crítica. O blogueiro-oráculo afirma que eu rompi com ele porque estava ressentido por não ter sido convidado para participar da entrevista com Lula. Isso é simplesmente mentira. Eu fui um dos poucos blogueiros "não medalhões" que defendeu a patota que foi entrevistar Lula (todos eles blogueiros "medalhões", é verdade). É só ler os textos abaixo, publicados no meu blog na época:

Porque a entrevista de Lula aos blogueiros deixou os donos da mídia e seus jagunços tão nervosos

Entrevista de Lula a blogueiros faz PiG e seus jagunços estrebucharem de ódio! 

Entrevista de Lula a blogueiros de esquerda causa ódio no PiG, seus jagunços e bobos da corte 

Momento histórico: Entrevista de Lula aos "blogueiros sujos"!

Guimarães sabia muito bem do apoio que dei a ele e aos outros blogueiros na época, tanto que me agradeceu pessoalmente por isso. Ou seja, o blogueiro-oráculo apelou para a mentira pura e simples para tentar me desqualificar pessoalmente. Nada de contra-argumentos racionais e ponderados, como manda o jogo democrático, mas apenas ofensas e ilações ridículas, tais como dizer que também sou ressentido por meu blog não "bombar"! Acho que o sujeito me mede com sua própria régua, só pode ser.

O que mais me divertiu, entretanto, foi ter descoberto que tanto ele quanto os outros blogueiros "medalhões" estariam me ignorando! Caramba, nem tinha percebido! Será que eles vão ficar chateados? E, me pergunto, como um blogueiro ignora o outro? Fiquei na dúvida de como funciona essa técnica de tortura fantástica.

Enfim, quem lê a reação do blogueiro-oráculo tem uma clara noção de que existe mesmo uma divisão de "castas" na blogosfera, onde esses "medalhões" realmente acreditam que devem ditar o que deve ou não ser postado nos blogs.

No fundo, além de querer mamar nas tetas do governo (vivem reclamando que não recebem verbas publicitárias!), eles querem é fundar um PiG da esquerda, onde só eles falam e o resto ouve, como bons seguidores e adoradores.

Aí refaço a minha pergunta: será mesmo que essas pessoas autoritárias, mentirosas e intolerantes são mesmo qualificadas para se auto-proclamarem os porta vozes da luta pela democracia e pela liberdade de expressão. Leiam e reflitam...
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Do Blog TUDO EM CIMA.

Hipocrisia e mudança histórica

Confesso que chego a me comover diante do esforço de tantos comentaristas para condenar a tardia, mas bem-vinda emancipação do trabalho doméstico a partir de argumentos invertidos e falaciosos.
O argumento principal é dizer que formalização das relações de trabalho dentro de casa irá gerar demissões em massa.
Parece, então, que se quer impedir o acesso dos trabalhadores domésticos ao mundo do direito porque isso irá prejudicá-los. Quanto altruísmo, não é mesmo?
Vamos combinar que os escravocratas do século XIX, capazes de manter o cativeiro negro até 1888, eram mais diretos em seu ponto de vista.
Diziam, com todas as letras, que a escravidão iria arruinar seus negócios e levar à agricultura a falência. Admitiam seu próprio egoísmo, o que é pelo menos uma forma mais produtiva de travar uma discussão. 
Tivemos escravocratas sofisticados, é verdade. O mais conhecido deles, o escritor José de Alencar, chegava a defender a escravidão com o argumento de que ela civiliza povos atrasados e deseducados. Citava o Império Romano como exemplo. A se acreditar em Alencar, seria preciso crer que o cativeiro foi mantido não pelos confortos pessoais e benefícios materiais que assegurava aos senhores – mas pela educação que permitia aos cativos.
Autor romântico, Alencar fez carreira profissional como político do Império.
Em 2013, o debate tem outra natureza. A evolução da economia e das mentalidades após 125 anos de abolição trouxe benefícios evidentes ao país. No plano material, permitiu a industrialização e outras mudanças típicas da civilização moderna.
Mas, acima de tudo, produziu uma revolução cultural ao dizer que homens e mulheres são iguais em direitos e deveres, qualquer que seja a cor da pele, a origem, o gênero.
Não há dúvida que no pós-1888 varias fazendas foram à falência – seus proprietários eram incapazes de competir numa economia só um pouquinho menos arcaica. Possuíam uma tecnologia tão atrasada e uma visão empresarial tão retrógrada que só podiam garantir suas receitas pela exploração dos trabalhadores como cidadãos de segunda classe – e queriam submeter o conjunto da sociedade brasileira a seu universo retrógrado e sem futuro.
Mas outros brasileiros brancos, menos endinheirados, também tiravam proveito da escravidão. Eram aquelas famílias que mantinham um pequeno plantel doméstico de cativos, os escravos de ganho. Eles eram escalados para fazer pequenos serviços nos centros urbanos – desde vendedores a marceneiros --, retornando para casa com a féria do dia. Em troca, tinham casa, comida e, conforme o patrão, um trocado.
Outra parcela se valia da mão de obra escrava para livrar-se do desconforto do serviço doméstico, uma realidade penosa, desagradável e repetitiva – como sabe qualquer pessoa do século XXI que é obrigada a arrumar, limpar e manter uma residência em ordem.
Se isso já é difícil nos dias de hoje, podemos imaginar como se passava antes da invenção da geladeira, do fogão a gás, do aspirador de pó e outros equipamentos que só puderam ser inventados e viabilizados depois que o trabalhador doméstico, nos países desenvolvidos, já não podia ser explorado como antes.
Foi uma sobrevivência atualizada e perversa desse tipo de trabalho não-remunerado que se eliminou com a aprovação da Emenda Constitucional que garantiu direitos iguais ao serviço doméstico.
Falando sobre aquilo que ninguém fala, mas todo mundo enxerga, cabe reconhecer que, durante anos, toda família brasileira, de classe média para cima, sempre foi capaz de se beneficiar muito confortavelmente dessa situação.
Por mais de oitenta anos, a contar da criação das primeiras leis sociais mais importantes, o país passou a assegurar uma vida de conforto para a parcela que vivia na parte de cima da pirâmide social-trabalhista.   Para os debaixo, não sobrava nada. Ou melhor: sobrou o sacrifício, a brutalidade, a falta de direitos.
Imagine ao longo dessa História quantos milhões (ou seriam bilhões?) de cafés da manhã foram assegurados – sem que o dono da casa precisasse fazer o menor esforço depois de sair da cama.
Quantas crianças foram socorridas por moças e senhoras prestativas, muitas vezes acordadas no meio da noite, por causa de um resfriado, uma tosse mais alta, ou sabemos lá o que.
Muitas famílias tinham direito a se refestelar em refeições, em qualquer dia da semana, que tinham o caráter de verdadeiros banquetes, graças ao talento e à eficiência de cozinheiras que mal recebiam para pagar a própria comida.  
A base dessa situação era uma discriminação odiosa, que só era possível pela exclusão de milhões de brasileiros e brasileiras deixados sem escola, sem assistência, e sem moradia – tudo conspirando, nas políticas públicas e nas decisões privadas, para o conforto de grandes e pequenos patrões.
A mudança da semana passada ajuda a criar brasileiros mais iguais. É uma evolução da cidadania e da civilização.
O país inteiro só tem a ganhar com ela. 

Do Blog O Esquerdopata.

O blog Viomundo não pode acabar

Do Blog do Miro - sábado, 30 de março de 2013

 

http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br



 
Por Altamiro Borges

Em artigo postado no final da noite de ontem (29), o jornalista Luiz Carlos Azenha anuncia que fechará o seu blog Viomundo. A decisão foi tomada a partir da “sentença da Justiça carioca que me condenou a pagar 30 mil reais ao diretor de Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, supostamente por mover contra ele uma ‘campanha difamatória’ em 28 posts do Viomundo, todos ligados a críticas políticas que fiz a Kamel em circunstâncias diretamente relacionadas à campanha presidencial de 2006, quando eu era repórter da TV Globo”.

O texto relata várias das aberrações cometidas pelo “senhor das trevas” da TV Globo, um censor truculento e medieval (leia aqui). Ao final, Azenha informa aos seus leitores:
*****

Apesar das mentiras, ilações e tentativas de assassinato de caráter, perpetradas pelo jornal O Globo e colunistas associados de Veja, friso: sempre vivi de meu salário. Este site sempre foi mantido graças a meu próprio salário de jornalista-trabalhador.

O objetivo do Viomundo sempre foi o de defender o interesse público e os movimentos sociais, sub-representados na mídia corporativa. Declaramos oficialmente: não recebemos patrocínio de governos ou empresas públicas ou estatais, ao contrário da Folha, de O Globo ou do Estadão. Nem do governo federal, nem de governos estaduais ou municipais.

Porém, para tudo existe um limite. A ação que me foi movida pela TV Globo (nominalmente por Ali Kamel) me custou R$ 30 mil reais em honorários advocatícios.

Fora o que eventualmente terei de gastar para derrotá-la. Agora, pensem comigo: qual é o limite das Organizações Globo para gastar com advogados?

O objetivo da emissora, ainda que por vias tortas, é claro: intimidar e calar aqueles que são capazes de desvendar o que se passa nos bastidores dela, justamente por terem fontes e conhecimento das engrenagens globais.

Sou arrimo de família: sustento mãe, irmão, ajudo irmã, filhas e mantenho este site graças a dinheiro de meu próprio bolso e da valiosa colaboração gratuita de milhares de leitores.

Cheguei ao extremo de meu limite financeiro, o que obviamente não é o caso das Organizações Globo, que concentram pelo menos 50% de todas as verbas publicitárias do Brasil, com o equivalente poder político, midiático e lobístico.

Durante a ditadura militar, implantada com o apoio das Organizações Globo, da Folha e do Estadão - entre outros que teriam se beneficiado do regime de força - houve uma forte tentativa de sufocar os meios alternativos de informação, dentre os quais destaco os jornais Movimento e Pasquim.

Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao sufoco lento e gradual.

E, por mais que isso me doa profundamente no coração e na alma, devo admitir que perdemos. Não no campo político, mas no financeiro. Perdi. Ali Kamel e a Globo venceram. Calaram, pelo bolso, o Viomundo.

Estou certo de que meus queridíssimos leitores e apoiadores encontrarão alternativas à altura. O certo é que as Organizações Globo, uma das maiores empresas de jornalismo do mundo, nominalmente representadas aqui por Ali Kamel, mais uma vez impuseram seu monopólio informativo ao Brasil.

Eu os vejo por aí.

*****

O anúncio do fim do Viomundo gerou uma onda de indignação nas redes sociais. Os internautas manifestam solidariedade a Luiz Carlos Azenha e criticam a ditadura da TV Globo. Todos pedem para que o blog resista, não feche, e se predispõem a ajudar. A decisão sobre o futuro do Viomundo cabe ao amigo Azenha, alvo de tantas perseguições e dificuldades. Ele é um dos jornalistas mais competentes e corajosos deste país. Seu blog é hoje uma referência para a blogosfera brasileira, por seu conteúdo e qualidade.

Mas o amigo Azenha sabe que não está sozinho nesta empreitada. A blogosfera progressista, que já realizou três encontros nacionais e um fórum internacional, não ficará passiva diante de mais este atentando à liberdade de expressão. No fim de janeiro, numa reunião no Centro de Estudos Barão de Itararé, blogueiros e jornalistas discutiram o que fazer diante de outro processo judicial – contra Rodrigo Vianna. Várias ideias foram apresentadas e algumas delas, dentro das nossas limitações, já foram encaminhadas.

Agora é preciso reforçar a mobilização em defesa da blogosfera e da verdadeira liberdade de expressão – que não se confunde com a liberdade dos monopólios midiáticos. Na próxima terça-feira haverá uma nova reunião para tratar do tema. Todos os interessados estão convidados. Entre as várias propostas em defesa do Viomundo e da blogosfera progressista, destaco:

1- Acionar os movimentos sociais, as forças democráticas e os parlamentares comprometidos com a liberdade de expressão para que se solidarizem de imediato com o jornalista Luiz Carlos Azenha e rechacem mais esta onda ditatorial, de judicialização da censura, da TV Globo. Vários deputados e senadores foram contatados por ocasião do processo contra Rodrigo Vianna. Agora é a hora de protestar;

2- Campanha de coleta de fundos, via internet, para ajudar os blogueiros processados. Não vamos deixar que os seus blogs sejam asfixiados financeiramente pelos monopólios midiáticos e os poderosos de plantão;

3- Realização de protestos em vários estados por ocasião do aniversário da TV Globo, em 26 de abril. Vamos denunciar a postura autoritária do império global. Vamos exigir a verdadeira liberdade de expressão!

4- Acionar o relator especial da ONU para a liberdade de expressão, Frank de la Rue, e outras instâncias internacionais para denunciar a onda de judicialização da censura no Brasil;

5- Reforçar a pressão sobre o governo Dilma, que continua alimentando cobras – com milhões de anúncios publicitários aos velhos impérios da comunicação – e sufocando a mídia alternativa. Esta postura covarde, “técnica”, castra a diversidade e a pluralidade informativas e coloca em risco a própria democracia.
 
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Santana monta imagem de Dilma em marcas próprias

 

Do Brasil 247 - 30 de Março de 2013 às 11:26

 

:
Quem baixou os juros, reduziu as tarifas de energia elétrica, derrubou impostos, segurou o preço dos alimentos, manteve o emprego em alta, ufa!, e está acabando com a miséria e promovendo redistribuição de renda?; para o marqueteiro João Santana, Dilma, Dilma, Dilma; ele centra campanha à reeleição da presidente na coleção de "marcas próprias" que ela pode exibir, sem medo de mostrá-la como uma mãe social e uma ótima gestora de governo; arsenal vai crescer em pronunciamento no feriado de 1º de maio

247 _Em dois anos de governo, a presidente Dilma Rousseff conseguiu bater na própria figura uma série de carimbos que a distinguem, para o bem, entre a maioria da população. Essa é a avaliação do marqueteiro João Santana, coincidente com a da própria presidente e seus principais conselheiros.

A queda dos juros bancários, a redução nas tarifas de energia elétrica e a manutenção dos preços dos alimentos são, neste momento, as "marcas próprias" de Dilma e seu governo que serão mais exploradas nas mensagens que ela vai transmitir nos horários políticos do PT e, sem dúvida, em seus pronunciamentos oficiais.

MOMENTO MIDIÁTICO _ O próximo grande momento midiático de Dilma vai ocorrer no feriado de 1º de Maio, o Dia do Trabalhador. Um pacote de desonerações de impostos para o setor de ônibus urbanos poderá ser anunciado. A intenção é obter, ao menos, a manutenção dos preços das tarifas. Isso aliviaria a inflação, tecnicamente, e politicamente deve trazer mais dividendos para a imagem da presidente. Na mais recente pesquisa Ibope, com 76% de intenções de voto Dilma exibiu taxa três vezes maior que a da soma de seus adversários. Representaria uma vitória folgada, e consagradora, em primeiro turno.

Os porcentuais recordes e projeções otimistas sobre o desempenho da economia no segundo semestre proporcionam um clima de otimismo concentrado entre o staff para as principais questões de comunicação, do qual, além de Santana, fazem parte os ministros Fernando Pimentel e Aloizio Mercadante, o senador Delcídio Amaral e o secretário-geral do PT, deputado Paulo Teixeira. Todos cruzam números, e já se espera comemorar o crescimento de 1% do PIB no primeiro trimestre, mas ainda é empírica a avaliação de que o segundo semestre será de aquecimento econômico. A aposta é que as medidas do governo, centradas nas desonerações fiscais, surtam mais efeito em combinação com as reduções nos juros e nas tarifas de energia elétrica.

Entre dezembro e janeiro, o Ibope apurou um crescimento de 9% nas intenções de voto da presidente. O dado levou o marqueteiro  João Santana a concluir que não há o que mudar na linha de comunicação presidencial, mas muito a aprofundar. O slogan O fim da miséria é só um começo, usado no momento em que Dilma anunciou ampliações do programa Bolsa-família será sucedido por outros sobre decisões específicas.

A toda oportunidade, especialmente nos horários partidários pela tevê, a imagem de Dilma será mostrada em dois planos: o de mãe social e gestora eficiente. A mensagem que será bombardeada é a de uma presidente que alavancou o desenvolvimento social e redistribuiu renda como forma de patrocinar o ingresso do Brasil no primeiro mundo. Os benefícios distribuidos à população, especialmente a mais pobre, fazem parte de um plano que está dando certo, e vai tirando décadas de atraso nas políticas sociais.
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A queda de Feliciano não é a linha de chegada. É o ponto de partida


http://cartunistasolda.com.br/wp-content/uploads/2013/03/Marco-Feliciano.jpg 
Marco Feliciano não me representa. Mas boa parte do Congresso Nacional também não.
Como deu para ver no rosário de posts em que tratei do tema, é claro que torço para que o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias seja substituído o quanto antes, pois sua permanência não apenas coloca em risco o trâmite de projetos importantes que ajudariam a garantir a dignidade de grupos que são tratados como cidadãos de segunda classe como também é uma piada de mau gosto à história das conquistas sociais no país. Sem falar do fato de que ele é sim consequência do crescimento de posições conservadoras na sociedade brasileira. Que merecem ser combatidas democraticamente, no voto e no debate público – debate que, muitas vezes, essas posições se furtam a fazer.
Defendo que todas as formas de pensamento estejam representadas na Câmara dos Deputados, mesmo as quais eu não concorde – exceto, claro, as racistas, xenófobas, preconceituosas e discriminatórias. Afinal de contas, garantir que babacas usem a tribuna para cometer crimes é o ó do borogodó. ”Ai, japonês! E a liberdade de expressão? E o meu direito de fazer os outros sofrerem destilando a minha ignorância? Seu comunista totalitário! Seu safado! Vem cá que te dou uma sova! Se fosse no tempo da Gloriosa, você já estaria morto…” Deu para entender, né?
Uma consequência boa de tudo isso é que a situação bisonha alertou muita gente para o que acontece no parlamento federal. Mas elevar o caricato e esperto Marco Feliciano à categoria de inimigo comum, gerando uma popular identidade reativa, é relativamente fácil. Difícil é fazer oposição a pessoas e programas que sistematicamente e historicamente tentam retirar direitos, mas que são menos caricatos e mais espertos que o pastor supracitado. Parte da bancada ruralista se encaixa nessa categoria, por exemplo. Rifou o futuro das próximas gerações ao transformar o Código Florestal em papel maché, persegue os direitos das populações indígenas (que sofrem com genocídios, como o que ocorre no Mato Grosso do Sul) e caminha a passos largos para acender a churrasqueira com a (pouca) proteção de que dispõem os trabalhadores rurais.
Bancada ruralista que, inclusive, se aliou à bancada evangélica para que, juntas, possam transformar este país em um grande romance de Dias Gomes, com o Coronel, o Padre e o Delegado tomando uma cachacinha e decidindo os rumos do latifúndio.
A (dura) luta pela garantia das liberdades individuais é uma agenda suprapartidária, que consegue reunir simpatizantes de partidos diversos como o PT e o PSDB, liberais na política e liberais do comportamento. Mas essa articulação e mobilização popular bem que poderiam se manter após esse embrólio com o meninão se resolver. Usar toda esse pessoal em rede e com boa vontade para monitorar de perto outras ameaças em curso no Congresso Nacional.
Até porque pessoas como Marco Feliciano ou Jair Bolsonaro assumem um papel que lhes permite manter uma reserva de votos em todas as eleições o suficiente para se eleger e, talvez, alguns de seus correligionários, mas seu discurso não lhes permitirá alcançar cargos majoritários – pelo menos enquanto o Brasil não for de Cristo ou os milicos de pijama não mandarem os ferro-velhos que eles chamam de tanques para as ruas. O mesmo não posso dizer de outros pessoas e programas políticos que vão, em silêncio, roubando o que não é deles.
Para quem se preocupa com a dignidade humana, a queda de Feliciano não pode ser a linha de chegada. Tem que ser apenas o começo. Pelo menos enquanto gays, lésbicas, transsexuais, mulheres, negros, indígenas, ribeirinhos, caiçaras, quilombolas, sem-terra, sem-teto, adeptos de religiões afro-brasileiras e a ralé pobre que trabalha para comer continuarem com migalhas, enquanto os homens, brancos, heterossexuais, tementes a Deus rirem com a boca cheia de pão.

Reunião em defesa do blog Viomundo


Terça-feira, 2, às 17 horas, na sede do Barão de Itararé.

Ajude no convite, por favor

O Miro propõe:

1 - acionar parlamentares para a denúncia da perseguição da Globo à blogosfera;
2 - campanha via internet de coleta da grana para saldar a multa de R$ 30 mil;
3 - atos na Globo contra a censura e em defesa da liberdade de expressão. 26/4 - aniversário da emissora;
4 - acionar relator da ONU para liberdade de expressão para denunciar censura da TV Globo


Kamel bate um recorde: 4 vitórias em 4 ações na primeira instância da Justiça carioca



Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

Ali Kamel, o nem todo poderoso diretor da Central Globo de Jornalismo, venceu mais uma.

Fui condenado a pagar a ele a indenização de 30 mil reais por uma suposta “campanha difamatória”. O poderosíssimo Viomundo difamou uma das maiores empresas de comunicação do mundo! Cabe recurso e, obviamente, o dr. Cesar Kloury vai recorrer.

Kamel bate um recorde: 4 vitórias em 4 ações na primeira instância da Justiça carioca. Alguém tem dúvida sobre o resultado dos processos que ele também move contra Luís Nassif e o sr. Cloaca? Nem o Barcelona tem esse aproveitamento!

O fulcro da decisão judicial é de que ele teria sido citado em 28 postagens do Viomundo, que existe desde 2004. Só a versão mais recente do site tem 8.140 post publicados. Ou seja, Ali Kamel foi mencionado em 0,0034% dos posts aqui publicados, na suposta “campanha difamatória”.

Em um trecho da sentença, segundo o Portal Imprensa, a magistrada afirma que eu “teria elaborado uma série de criticas contra matérias publicadas pelos diversos veículos de comunicação vinculados às Organizações Globo, atribuindo-lhe [Nota do Viomundo: Ao Kamel] a responsabilidade pelo conteúdo editorial”.

Para a juíza, segundo o Consultor Jurídico, a vinculação de Ali Kamel com a linha editorial dos meios de comunicação da Globo é uma “falsa afirmação” (grifo meu), já que ele está subordinado a superiores hierárquicos e a empresa possui um Conselho Editorial composto pelos editores dos diversos veículos do grupo, incluindo Kamel.

Em outras palavras, descobriram que o Ali Kamel não manda na Globo, apenas psicografa as ordens do dr. Roberto. A recente ascensão dele ao cargo de diretor da Central Globo de Jornalismo foi apenas uma coincidência.

Ex e atuais funcionários da Globo: sobre o poder de Kamel, é tudo imaginação da parte de vocês!

Ali Kamel processou Rodrigo Vianna por causa de uma piada. Processou Marco Aurélio Mello por uma obra de ficção. E a mim por atribuir a ele poder que não tem. Porém, como ex-profissionais que atuamos nos bastidores da TV Globo, nas coberturas mais importantes, subordinados diretamente a ele, sabemos muito bem o que ele fez no verão passado.

Foi apenas por acaso, assim, à toa, que pedi a rescisão antecipada de meu contrato com a TV Globo, onde ganhava salário de executivo, com mais de um ano de antecipação. Não queria associar meu nome à falta de poder do Ali Kamel.

Em minha opinião, o texto definitivo sobre as represálias da Globo contra blogueiros, que se deram todas depois das eleições de 2010, foi escrito por Miguel do Rosário, aqui, quando da condenação de Rodrigo Vianna. Um trecho:

É inacreditável que o diretor de jornalismo da empresa que comete todo o tipo de abuso contra a democracia, contra a dignidade humana, a empresa que se empenha dia e noite para denegrir a imagem do Brasil, aqui e no exterior, cujos métodos de jornalismo fazem os crimes de Ruport Murdoch parecerem estrepolias de uma criança mimada, pretenda processar um blogueiro por causa de um chiste!



Clique
aqui para ler histórica decisão do Ministro Celso de Mello sobre a liberdade de expressão, que o PiG (**) e os bajuladores juridicos ignoram, porque do outro lado está o imaculado banqueiro.

Clique
aqui para ler “Barbosa defende a liberdade de expressão – ouviu, Gilmar ? Os blogueiros sujos tem que ficar de olho no Judiciário.”

Clique
aqui para ler “Barbosa erra ao dizer que só os banqueiros ocultam a verdade”.
(*) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Do golpe militar às Diretas-Já




Do Blog do Miro - sexta-feira, 29 de março de 2013

Por Altamiro Borges

O golpe militar de 1964 serviu aos interesses – ideológicos, políticos e empresariais – dos barões da mídia. Com exceção da Última Hora, os principais jornais, revistas, emissoras de TV e rádio participaram da conspiração que derrubou João Goulart. O editorial da Folha de S.Paulo de 17 de fevereiro de 2009, que usou o neologismo “ditabranda” para qualificar a sanguinária ditadura, ajudou a reavivar esta história sinistra – além de resultar num manifesto de repúdio com 8 mil adesões de intelectuais e na perda de mais de 2 mil assinantes. Afinal, não foi apenas a Folha que clamou pelo golpe. Vários livros documentaram a participação ativa da mídia, inclusive listando veículos e jornalistas a serviço dos golpistas [9]. Os editoriais da época escancararam essa postura ilegal. 

“Graças à decisão e heroísmo das Forças Armadas, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo a rumos contrários à sua vocação e tradições... Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares”, comemorou o jornal O Globo. “Desde ontem se instalou no país a verdadeira legalidade... A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas”, afirmou, descaradamente, o Jornal do Brasil. “Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr. João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comunos-carreiristas-negocistas-sindicalistas”, disparou o fascistóide Carlos Lacerda na Tribuna da Imprensa.

Na sequência, alguns veículos ingeriram seu próprio veneno e sentiram a fúria dos fascistas, que prenderam, mataram, cassaram mandatos e impuseram a censura. Lacerda, que ambicionava ser presidente, foi escorraçado pelos generais. Já o Estadão, com a sua linha liberal-conservadora, discordou do rumo estatizante do regime e teve várias edições censuradas. Este não foi o caso do grupo Frias, que tornou a Folha da Tarde “uma filial da Operação Bandeirantes”, a temida Oban, e no jornal de maior “tiragem” do país devido ao grande número de “tiras” (policiais) na sua redação [10]. Também não foi o caso da Rede Globo, que ergueu seu império graças ao irrestrito apoio à ditadura [11]. 

Até quando a ditadura já dava sinais de fraqueza, a TV Globo insistiu em salvá-la. Nas eleições de 1982, a corporação de Roberto Marinho montou um esquema, através da empresa Proconsult, para fraudar a apuração dos votos e evitar a vitória do recém-anistiado Leonel Brizola. A fraude foi denunciada por Homero Sanchez, ex-diretor de pesquisas da própria emissora. Ela também tentou desqualificar todos os principais líderes da oposição à ditadura. Numa entrevista ao jornal The New York Times, Roberto Marinho confessou: “Em um determinado momento, me convenci que o Sr. Leonel Brizola era um mau governador... Passei a considerar o Sr. Brizola daninho e perigoso e lutei contra ele. Realmente, usei todas as possibilidades para derrotá-lo”.

A manipulação mais grosseira, que popularizou o refrão “O povo não é bobo, fora Rede Globo”, ocorreu na campanha pelas Diretas-Já. Até duas semanas antes da votação da emenda Dante de Oliveira, que instituía a eleição direta para presidente, ela omitiu a mobilização que contagiava milhões de brasileiros. Ela recusou até matéria paga com chamadas para o comício em Curitiba (PR). Já o ato na capital paulista, que reuniu 300 mil de pessoas em 25 de janeiro de 1984, foi apresentado pelo âncora da emissora como “festa em São Paulo; a cidade comemora seus 430 anos”. “O Jornal Nacional sonegou ao público o fato – notório, na época – de que o ato fazia parte da campanha nacional por eleições diretas. Sonegou que essa campanha era liderada publicamente pelos principais expoentes da oposição” [12]. Um verdadeiro crime!

Das greves à histeria na Constituinte

Alguns veículos perceberam o naufrágio da ditadura militar e jogaram papel positivo na luta pela redemocratização. O caso mais curioso foi o da Folha, que até usou suas capas para convocar os comícios das Diretas-Já. O grupo Frias, que apoiara os generais “linha dura”, mudou de lado por oportunismo político e “mercadológico” [13]. Apesar destas nuances, nenhum barão da mídia abdicou de sua visão de classe. Jornalões e emissoras de TV e rádio nunca vacilaram diante das lutas dos trabalhadores, procurando criminalizar suas greves e satanizar suas lideranças. Numa das massivas assembléias em Vila Euclides, em maio de 1980, os metalúrgicos do ABC paulista destruíram câmeras e veículos da TV Globo, indignados com as suas recorrentes manipulações.

Esta opção de classe ficou visível durante os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, em 1987/1988. Meticulosa pesquisa de Francisco Fonseca, da Fundação Getúlio Vargas, prova que os quatro principais diários do país (Jornal do Brasil, O Globo, Estadão e Folha) uniformizaram os seus ataques aos direitos trabalhistas. “Através dos editoriais, que definem a linha editorial e ideológica de cada veículo, a grande imprensa operou nos debates constituintes, sobretudo nos temas que se referiam aos direitos sociais... Alguns dos direitos propostos, como a diminuição da jornada de trabalho, a ampliação da licença-maternidade, a licença-paternidade e o aumento do valor da hora extra, foram tratados como catastróficos à produção” [14]. 

“A Constituinte embarcou em um caminho de distribuição de benefícios sociais cujo produto só pode ser um e único: a redução da taxa de investimentos, com o conseqüente atraso econômico”, afirmou o editorial terrorista do JB (28/02/88). “Concessões feitas em total descompasso com os efeitos não prejudicarão apenas os trabalhadores, [mas também] a estabilidade institucional”, ameaçou o golpista O Globo (15/11/87). O Estadão, com sua linha liberal-conservadora, pregou a supremacia do deus-mercado, afirmando que tais direitos “acarretariam pernicioso desestímulo aos melhores” (18/06/87). Já a Folha atacou a “demagogia”, inclusive nas propostas do adicional de férias, aviso prévio aos demitidos e limite de seis horas nos turnos ininterruptos (08/07/88).

Além de rejeitar qualquer avanço trabalhista, a mídia bombardeou o direito de greve e procurou fragilizar o sindicalismo. “A liberdade de greve é um abuso conceitual”, atacou o JB (07/07/88). A Folha exagerou ao dizer que as propostas dos constituintes estimulariam o “direito irrestrito de greve... [com] artigos condenáveis” (15/07/88). Já O Globo, no editorial “A porta da anarquia”, afirmou que este direito “significa a porta aberta à desordem e ao caos” (17/08/88). E o Estadão explicitou sua aversão às greves, principalmente no setor público. “São exércitos de empregados que agem com todas as regalias e mordomias de funcionários públicos, promovendo greves que ganham, hoje, aspectos nitidamente políticos e ideológicos, que levam à violência” (19/11/88). 

Diante da ascensão das forças democráticas nos anos de 1980 e das conquistas da “Constituição-cidadã”, segundo a célebre definição do deputado Ulisses Guimarães, a mídia percebeu os riscos na origem e deu seu grito de guerra. “A hora é dos liberais acordarem, porque depois será tarde... Os liberais brasileiros têm diante de si uma ingente tarefa; se não se organizarem para combater o populismo estatizante (...), o Brasil corre o risco de regredir”, alertou o Estadão. “Não há outro caminho senão o de todos nos unirmos pondo acima de superadas divergências ideológicas ou de futuras disputas eleitorais os supremos objetivos da nação”, clamou o golpista Roberto Marinho.

NOTAS

9- Renê Armand Dreifuss. 1964: A conquista do estado. Editora Vozes, RJ, 1981.

10- Beatriz Kushnir. Cães de guarda. Boitempo Editorial, SP, 2004.

11- Valério Brittos e César Bolaño. Rede Globo: 40 anos de poder e hegemonia. Editora Paulus, SP, 2005.

12- Eugênio Bucci e Maria Rita Kehl. Videologias. Boitempo Editorial, SP, 2004.

13- Armando Sartori. “Oportunismo mercadológico”. Revista Retrato do Brasil, setembro de 2006. 

14- Francisco Fonseca. “O conservadorismo patronal da grande imprensa brasileira”. Dezembro de 2002.

- Extraído do quarto capítulo do livro “A ditadura da mídia” (Editora Anita Garibaldi).

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