quarta-feira, 4 de julho de 2012

O Instituto Lula e o fator África

Presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula cumprimentam Boni Yayi, presidente do Benin e da União Africana Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
O foco principal do Instituto Lula será a África, segundo informou na época do seu lançamento.
Nos 8 anos de governo, apoiado pela visão diplomática do chanceler Celso Amorim, Lula jogou pesado em favor da África. Primeiro, como estratégia de diversificação dos parceiros comerciais. Sem reduzir o comércio com Europa e Estados Unidos, aumentou a participação da África, Oriente Médio, América Latina e Ásia.
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A diplomacia revestiu-se, também, de inúmeros lances simbólicos.
Na posse da Ilha de Goré, na Porta do Nunca Mais - monumento que saudava as vítimas do tráfico negreiro - em nome do Brasil Lula pediu desculpas pela escravidão. E anunciou o lançamento de uma Universidade em Redenção, Ceará, para acolher alunos de países de língua portuguesa.
Gradativamente, consolidou-se a imagem da potência amiga, em contrapartida ao estilo bastante duro da China.
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Ao lado dos lances simbólicos, as ações efetivas.
A Embrapa instalou um escritório em Maputo, Moçambique - assim como uma fábrica de anti-retrovirais, da Farmanguinhos. Houve uma revoada de países africanos a Brasilia, solicitando o mesmo tipo de apoio.
Foram abertas embaixadas brasileiras em quase todos os países da África. E de 2003 para cá o número de embaixadas africanas no Brasil saltou de 30 para 54 países.
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Terminado o mandato, Lula sai do Palácio para São Bernardo, passa no Sírio-Libanes para visitar o vice José Alencar e, em seguida, em comício na sua casa, anuncia que irá se dedicar à África.
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A aproximação foi cuidadosa. Para opinar sobre a América Latina, nunca foi necessário pedir licença. No caso da África, havia a necessidade de bater à porta, apresentar-se e pedir licença.
O primeiro ponto da estratégia foi estabelecer relações com organizações que articulam países africanos. Uma delas foi a União Africana.
No ano passado, Lula foi convidado para uma reunião da União Africana em Malabo, Guiné Equatorial, único país de fala espanhola.
Havia 54 países. Lula discursou como convidado especial, traduzido em quatro línguas: árabes, francês, inglês e espanhol.
No discurso, bateu no bordão de que a África deveria assumir como o continente é visto. Sempre são americanos e ingleses mostrando sua visão do continente, agora é a vez dos africanos, foi a tônica. A reação foi imediata. Em um dos países da União, um dos hits musicais foi uma música falando de Lula e Mandela.
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Em janeiro passado, a União Africana iria aprovar o PIDA (o PAC da África), programa de infraestrutura e dedsenvolvimento.
Celso Marcondes, um dos membros do Instituto, foi ao encontro com a missão de convidar coordenadores a virem ao Brasil apresentar o projeto às empresas brasileiras. Resultou em um grande evento no BNDES.
Do encontro participaram a presidente da Petrobras, Graça Foster, da Vale, Murilo Ferreira e do Pactual, André Esteves, que montou um fundo para África.
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O Instituto consolidava seu papel, de se transformar em facilitador entre interesses brasileiros e africanos.
Junto aos investidores, Lula passou a enfatizar a visão da importância do investimento se legitimar, agregando emprego, tecnologia, respeito às tradições africanas etc.
Luis Nassif
No Advivo

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