terça-feira, 3 de julho de 2012

A nova tradição dos golpes: os “crus” e os “cozidos”

O assanhamento da direita brasileira com seus novos heróis – os deputados e senadores colorados e radicais do Paraguai – vem sendo estimulado por um cenário externo onde esses golpes “legais” vem se tornando uma prática corrente. Esses golpes “cozidos” convivem com os “crus”, como se viu recentemente na Costa do Marfim e na Líbia.

Flávio Aguiar, Carta Maior

O modo como a direita brasileira apóia o golpe no Paraguai mostra que ela guarda ainda o DNA golpista que sempre acalentou desde a dupla deposição de Getúlio Vargas, a de 1945 e a de 1954. De passagem: o Estado Novo tinha que acabar, é claro, mas deve-se lembrar que o golpe que o acabou foi dado pela e à direita. Já o de 54 reuniu alguns dos componentes que fariam o programa futuro dos golpes de direita: campanha e legitimação midiática, bloqueio parlamentar e pressão ou ação militar direta, hoje, pelo menos, um coringa fora do baralho. Mas que não morreu.

A direita se esmera agora em comentários na mídia, mas também faz salamaleques oficiais, como o senador Álvaro Dias se orgulhando de ter recebido em seu gabinete uma missão de parlamentares golpistas do país vizinho e também dos brasiguaios de direita, falando na defesa dos interesses (anti-reforma agrária) desse grupo que estaria sendo oprimido pelas ameaçadora (?!) política de Lugo. Outro lembrete histórico: foi a defesa de interesses dos estancieiros brasileiros estabelecidos no Uruguai que levou diretamente à nefasta Guerra do Paraguai, com o governo imperial depondo o presidente daquele país.

É verdade que Solano Lopez a partir daí invadiu todo mundo ao seu redor: Brasil, Argentina, querendo chegar até o próprio Uruguai, contando com um levante de caudilhos na região que não aconteceu, ajudando, portanto, a construir a hecatombe que se abateu sobre seu país. A situação hoje é muito diversa, mas não vamos esquecer do clamor da direita brasileira para que o Brasil praticasse uma intervenção na Bolívia, quando da nacionalização das reservas de petróleo e gás, e para que agisse brutalmente contra o Paraguai, quando da renegociação dos pagamentos pela energia de Itaipu.

Voltando aos dias de hoje: a apoio ao golpe, com a declaração do também senador Sérgio Guerra, presidente do partido, já é patrimônio do PSDB. Dá, portanto, para imaginar o tamanho da regressão de nossa política externa caso este partido chegar ao poder. Repetem-se as cenas e os argumentos quando houve o golpe em Honduras. Os adjetivos reservados para o nosso Itamaraty são todos de baixo calão diplomático: “rudimentar”, “desinformação amadorística”, “diplomacia atrabiliária”, etc.”
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