terça-feira, 26 de junho de 2012

Paraguai e o "golpe democrático"


Por Douglas Yamagata

A destituição apressada de Fernando Lugo foi uma "sacanagem democrática", deixando de lado qualquer tipo de caráter e respeito. Com argumentações ínfimas o presidente paraguaio foi "impeachmado" sumariamente, sem direito à defesa.

Tal ato serve de alerta aos países sulamericanos (sobretudo os progressistas e de esquerda) e também à todos os outros países que hojem vivem em regime democrático. Não querendo ser repetitivo, mas já houve tentativa de golpe semelhante no Brasil no governo Lula em 2005. Na Argentina, atualmente visualizamos alguns ensaios. Sem contar as tentativas na Bolívia e o verdadeiro golpe contra Chaves na Venezuela.

É importante observarmos o comportamento dos países centrais, tais como os Estados Unidos e Alemanha, que acharam o "golpe democrático" normal. Para os governos dos países centrais, não basta achacar economicamente países pobres ou em dificuldades, mas também, destituí-los de ideologias que vão contra o liberalismo econômico. Desta forma, este golpe pode ser um "balão de ensaio" para o desmantelamento dos governos sulamericanos.

A imprensa brasileira está batendo palmas para o "golpe democrático", em discursos covardes e escancarados de apoio ao acontecimento. Não poderia se esperar o contrário sobre os comentários da Veja, Folha e Estadão. No entanto, O golpe no Paraguai reavivou a união e a solidariedade entre os povos sulamericanos, e as manifestações já estão ocorrendo por toda parte, inclusive em São Paulo e no Rio.

Os governos sulamericanos, sobretudo os do Mercosul, devem aplicar sanções ao "governo" paraguaio, pois a democracia não pode ser distorcida e golpistas não podem ficar ilesos. Se não reconduzirem Fernando Lugo à presidência, o mínimo a ser exigido a Federico Franco é que convoquem novas eleições em breve, pois o mesmo não é o legítimo presidente. Se o atual "governo" quer mesmo dar provas democráticas, o mínimo a se fazer é dar o direito ao povo de legitimar seu novo presidente.

Impressionante é a tranquilidade de Lugo, que deve ser o único presidente que foi "impeachmado" sem ter culpa. Tanto é que já está rearticulando a sua volta.

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Do Blog do Douglas Yamagata.

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