quarta-feira, 13 de junho de 2012

Bancada demotucana virou bancada de Cachoeira com Perillo na CPI


Para incautos ou ingênuos, pode parecer o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) se saiu bem no depoimento dado na CPI do Cachoeira. Afinal, tarimbado até em debates nas campanhas eleitorais, conseguiu responder quase todas as perguntas com desenvoltura.
Mas será que se saiu bem mesmo?
Vejamos ponto a ponto.
  1. Não mostrou indignação contra a infiltração de Cachoeira em seu governo em Goiás. Se fosse alguém sem rabo preso como quis aparentar, teria que ter mostrado indignação pelo menos com assessores.Na prática defendeu todos os assessores afastados, não fazendo qualquer crítica às condutas ou minimizando.
  2. Ficou medindo palavras para não comprometer Cachoeira e nem Demóstenes. Transpareceu que todos estão no mesmo barco. Se afundar um, afundam todos.
  3. Não contribuiu em nada com a CPI para ajudar a desbaratar o esquema Cachoeira. Pelo contrário, disse até que nem faria juízo de valor sobre o contraventor. Sobre as relações de Cachoeira com a Delta, Perillo quis inocentar o bicheiro, dizendo, com outras palavras, praticamente que ele era uma espécie de gerente comercial que prospectava negócios.
  4. Fosse um governador empenhado no combate à corrupção traria pelo menos algum inquérito de investigação interna do governo, como existem os da CGU no governo federal.
  5. Quanto à venda casa, sua história, para ser verdadeira (pagamento na base da confiança, para depois passar escritura) demonstraria muita proximidade e confiança entre ele e Cachoeira.
    Perillo quis mostrar distância pessoal. Não convenceu. Não existe tamanha informalidade em um negócio de 1,4 milhão, a menos que seja negócios entre familiares ou amigos de muita confiança. Fora isso, nenhum comprador pagaria os cheques sem um contrato de compra e venda para dar segurança.
  6. Também deixou sem respostas os grampos onde Cachoeira aparece negociando a casa e combinando pagamentos. Resolve seu problema perante a justiça, mas não resolve perante o eleitor.
  7. Soou estranho ele dizer que vendeu a casa própria e foi morar de aluguel. Ficou pior quando se sabe que o dono da casa alugada é empreiteiro que tem contratos milionários com o governo do Estado. Marconi diz pagar aluguel de mercado, mas não revelou o valor.
  8. Sobre distanciamento com Cachoeira, também caiu em contradição várias vezes. Ora dizia não saber de suas atividades como bicheiro ou lobista, ora dizia saber até que ele tinha 11 irmãos e que os membros da família do bicheiro eram bem casados com gente da alta sociedade goiana.
  9. Sobre o radialista Luiz Carlos Bordoni, que afirma ter recebido com caixa-2 via empresas de Cachoeira para fazer a campanha de Perillo, também não convenceu. O depoimento do radialista, pode trazer complicações em dobro. Além de confirmar o caixa-2, ainda poderá pegar o tucano na mentira.
  10. Perillo não foi feliz ao tentar usar o "mensalão" como escudo. É a mesma estratégia da revista Veja e de Gilmar Mendes para fugir de dar explicações sobre Cachoeira.
  11. Mais infeliz foi atribuir as investigações a suposta "encomenda" de Lula (coisa repetida por todo o tucanato). O presidente Lula não moveu uma palha para perseguir Perillo (e nenhum adversário) quando tinha o poder da presidência. Por que faria agora, anos depois, quando já não está no cargo? A única "vingança" de Lula foi nas urnas ao derrotar seus adversários, apoiando os aliados, mas isso é a essência da democracia. Vence quem o povo acha melhor. Perillo se enrolou com Cachoeira por conta própria. Ao se posicionar como anti-Lula, desloca-se no espectro político para o lado de José Serra, Gilmar Mendes, revista Veja e Cachoeira, o que espanta o cidadão eleitor.
  12. Perillo mostrou insegurança ao não abrir seus sigilos bancários, e nem sequer telefônico. Na época do chamado "mensalão", Delúbio Soares e José Dirceu abriram seus sigilos espontaneamente. Seus adversários não encontraram nada.
A bancada tucana também foi muito infeliz em não fazer perguntas a Perillo, só elogiá-lo, e ainda aplaudir.
Não precisavam nem fazer perguntas sobre o governador, deixando esse papel para a oposição, mas poderia fazer perguntas sobre o que ele saberia do esquema Cachoeira, mesmo que só tivesse vindo a saber depois, pois, no mínimo o governador deveria ter aberto investigações administrativas e no âmbito da Polícia Civil.
Do jeito que agiram, deixaram transparecer blindagem e comportaram-se como uma autêntica bancada do Cachoeira.
Fazendo uma analogia, ficou parecendo aquelas quadrilhas de bandidos que fazem a festa quando a polícia se afasta da boca de fumo.
Demóstenes também foi saudado quando deu suas primeiras explicações, e depois deu no que deu.
ZéAugusto
No Amigos do Presidente Lula

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