domingo, 20 de maio de 2012

TVs manipulam para desmoralizar CPI do Cachoeira

Cochilo de Simon em sessão da CPI do Cachoeira, símbolo da cobertura desmoralizante que a TV propaga do parlamento brasileiro.  Neste caso a imagem é sacada para desviar o foco e salvar figurões da imprensa
As imagens veiculadas por algumas emissoras de TV que mostraram o senador Pedro Simon cochilando, o deputado Onix Lorenzeti tomando erva mate em seu chimarrão e parlamentares conversando ao pé do ouvido durante sessão da CPI do Cachoeira, despolitizam um assunto de grande importância para a sociedade e servem aos interesses de quem trabalha para desacreditar os esforços desta comissão.
A impressão que fica é que querem mostrar à opinião pública o picadeiro de um circo político montado para chegar a lugar algum, com a exploração de imagens desconectadas de seus sentidos concretos para fazer-nos crer que esta investigação, no âmbito parlamentar, é perda de tempo e que os personagens que a constituem não atuam com a seriedade que o rito exige.

A questão é mais aguda: porque apenas explorar o cochilo de um senador e não analisar, com embasamento na documentação já acumulada, os nomes das pessoas que serão convocadas para prestar esclarecimentos, conforme os requerimentos aprovados pelos senadores e deputados?
Estes requerimentos são resultados do trabalho desta CPI e merecem ser apresentados como um sinal positivo produzido por seus integrantes.  A sociedade precisa ser informada do porquê destas convocações, mais do que ser instada a rir de sonecas involuntárias.

O que se percebe neste episódio é um esforço editorial descomunal das emissoras de TV, principalmente da Globo, em esconder da audiência o que se avançou até o momento, nas contendas políticas que uma CPI deste porte provoca, e, principalmente, onde tais disputas podem desembocar.
Preferem apresentar ao público que o que é investigado lá no Congresso não é algo que mereça a atenção das pessoas.

O trabalho de desconectar imagens de sua realidade e significado maiores é típico daqueles que já não queriam a instalação desta CPI, e, que agora, trabalham incessantemente para desacreditá-la, manipulando sobre acontecimentos fortuitos.  Para salvar as peles que chamuscam na própria imprensa e na oposição.

A Globo, a frente de algumas outras TVs, age, dolosamente, para esvaziar o sentido político desta comissão parlamentar.  No máximo a CPI é divulgada como sessões de articulações de políticos espúrios, caracterizada pelas imagens de parlamentares falando ao pé do ouvido, e buscam germinar um sentimento de podridão no povo sobre os que investigam, igualando todos e todos os indícios levantados até agora em lixo sem qualquer utilidade social.  Safando-se todos pela mediocrização da cobertura jornalística.
Comportamento muito diferente da cobertura recente de outras CPIs, em que os requerentes eram mostrados como homens de bem em busca da verdade e em defesa da ética, imagem que construíram, sob medida, para transformar Demóstenes Torres e Álvaro Dias em heróis nacionais.
Agora o esforço é no sentido contrário, ou seja, transformar todos em palhaços, investigados, indiciados e investigadores, como atores de uma peça desinteressante, em um palco confuso de malfeitos e inverdades, partilhada por todos os seus integrantes como valores comuns.

A seriedade e os esforços para se alcançar, com a profundidade necessária, o esclarecimento e a penalização dos crimes cometidos, não merecem ser ilustrados por imagens que demonstrem isso com clareza, porque não gozam do interesse das câmeras de TV, nem tampouco servem de objeto para articulistas que se abrigam nos telejornais brasileiros analisarem a necessária limpeza das podres relações que setores da imprensa tiveram neste esquema.

A cobertura jornalística, com a exploração de imagens pitorescas, quer é calar a voz dos que exigem justiça e, também, impedir que seus pares caiam nas garras da justiça.

Pior, a intenção maior é fazer o cidadão comum desacreditar, ainda mais, em sua representação parlamentar, rotulando a todos como exemplares supérfluos à sociedade.
Alguns espécimes da classe política não tem apresentado exemplos que a abone de alguns desmandos e atos de corrupção, infelizmente.
Mas manipular, com uso imagens desvinculadas de sentido amplo nos telejornais, impede que a audiência perceba que há também parlamentares que buscam recuperar a credibilidade do parlamento brasileiro e dar o bom exemplo, punindo quem deve ser punido.

O cochilo de Simon virou símbolo da jogada midiática contra a legitimidade da CPI instalada, difícil será encontrar imagens de Policarpo, Civita e outros integrantes da grande imprensa brasileira referenciadas ao escândalo, estas permanecem trancadas nas pautas, sob vigoroso esquema de segurança.

Justiça seja feita a Record, segunda maior emissora de TV do país, a única até este momento a apresentar a Veja, O Globo e Folha de São Paulo como participantes de uma cortina de fumaça para impedir que as investigações avancem ou, caso sigam adiante, não sejam devidamente repercutidas.

Fica escancarado neste episódio é que algumas emissoras de TV não desejam que o país seja passado a limpo nesta CPI.  Talvez porque estejam, até o pescoço, encobertas pela sujeira que este esquema criminoso produziu, e temem que sejam apontadas como co-articuladoras de um grande mal cometido contra o conjunto da sociedade.

A guerra política também está sendo travada nas bancadas dos programas jornalísticos da TV.


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