terça-feira, 15 de maio de 2012

Primeiro grampo da Vegas afunda Demóstenes

Primeiro grampo da Vegas afunda Demóstenes Foto: Sérgio Lima/Folhapress

Operação que parou na mão da subprocuradora-geral da República Claudia Sampaio tem gravação que revela como senador atuou nos bastidores para promover a aprovação do projeto que previa a legalização dos jogos no Brasil; crime ou promiscuidade?

14 de May de 2012 às 19:53
 
247 – Surgiram, enfim, as primeiras gravações da Operação Vegas, e não foi em boa hora para o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), que enfrenta processo de cassação. Grampos obtidos com exclusividade pelo jornalista Gerson Camarotti, que os publicou em seu blog (reproduzidadas abaixo), revelam como o senador atuou nos bastidores para favorecer a aprovação do projeto que previa a legalização dos jogos no Brasil.
Numa das gravações, Demóstenes fala para Cachoeira que a melhor estratégia seria tentar aprovar a matéria na Câmara, já que, no Senado, "a gente resolvia". No acerto, o ex-senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) seria designado relator. Na mesma gravação, os dois ainda tratam de negócios na Infraero.
Em outra interceptação, o senador fala para Cachoeira que tentou sem sucesso levar "o pessoal" para falar com o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). O senador diz que "Caiado não recebe o pessoal". E diz que pediu para o então líder do DEM liberar a bancada.
Diante dos grampos, fica a questão, levantada no momento em que a subprocuradora-geral da República Claudia Sampaio disse que não via crime na conduta de Demóstenes registrada pelo Operação Vegas: trabalhar com um bicheiro na tentativa de aprovar um projeto de legalização de jogo não passa de promiscuidade ou é mais do que isso?
Gravações exclusivas da Operação Vegas obtidas pelo blog revelam como o senador Demóstenes Torres atuou nos bastidores para ajudar a aprovação do projeto que previa a legalização dos jogos no Brasil.
Nesse caso, mais uma vez, ele coloca o mandato e o prestígio de parlamentar a serviço de Carlinhos Cachoeira, preso por chefiar a exploração ilegal de jogos.
Numa gravação, Demóstenes fala para Cachoeira que a melhor estratégia era tentar aprovar a matéria na Câmara, pois no Senado “a gente resolvia”. No acerto, o ex-senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) seria designado relator. Nesta mesma gravação telefônica, os dois ainda tratam de negócios na Infraero.
 
Na segunda interceptação da Polícia Federal, Demóstenes fala para Cachoeira que tentou sem sucesso levar “o pessoal” para falar com o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). O senador diz que “Caiado não recebe o pessoal”. E diz que pediu para o então líder do DEM liberar a bancada.
Ao blog, Caiado confirma que conversou com Demóstenes na ocasião e que ele fazia lobby pelo projeto que liberava a legalização dos jogos no Brasil. Mas ressalta que nunca recebeu esse grupo de lobistas, e muito menos o contraventor Carlinhos Cachoeira.
“Houve uma tentativa de diálogo. O Demóstenes queria levar um grupo de pessoas que defendiam a legalização do jogo. Mas não recebi esse grupo. Muito menos o Cachoeira. Foram várias tentativas,  mas enquanto fui líder, não deixei essa matéria ser votada”, disse Caiado.
O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que faz a defesa de Demóstenes,  disse que não faria comentário sobre as gravações telefônicas. “Se falar, estarei dando legalidade às interceptações que são ilegais”, disse Kakay.

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