sexta-feira, 11 de maio de 2012

A nação quer respostas de Gurgel, e não carteirada moral

Todos nós do povo brasileiro queremos um Ministério Público independente, que não se sujeite a pressões, e promova a justiça contra a corrupção doa a quem doer.

Quando o povo cobra explicações sobre o engavetamento da Operação Vegas da Polícia Federal, em 2009, o povo está defendendo o Ministério Público, pois não quer voltar ao tempo em que o Procurador-Geral era chamado de engavetador.
Por isso o PGR Roberto Gurgel deve sim, explicações, pois o povo brasileiro que acompanha o assunto está entendendo que a instituição foi maculada ao se submeter a pressões ou corporativismo ou foi tendenciosa quando engavetou em 2009 a Operação Vegas, deixando as investigações paralisadas durante um ano, justamente no período eleitoral, enquanto a organização criminosa continuou operando sem ser importunada.
O Procurador-Geral só tem duas escolhas razoáveis a fazer para preservar a imagem pública do órgão que chefia: ou explica de forma convincente e objetiva que não teve engavetamento, ou admite que errou.
Quando ele se recusa a explicar, e responde com esquivas culpando terceiros que nada tem a ver com o engavetamento que ocorreu, ou dizendo ter prerrogativas para investigar como bem entende, ele está levando a Procuradoria-Geral da República a um processo de fritura perante o povo, com forte desgaste da imagem da instituição.
Se não explica como foi que acertou, quando todo mundo está vendo um erro, e não admite que errou, fica parecendo aquelas pessoas que dizem só falar em juízo para não se incriminarem.
O que passa no imaginário popular é uma das seguintes hipóteses:
1) Sua mulher, a subprocuradora designada para apreciar a Operação Vegas, teria errado na avaliação ou nos procedimentos adotados, e ele estaria tentando protegê-la;
2) Ele mesmo teria errado, e estaria ocultando o erro, em vez de admitir;
3) Ele teria tratado Demóstenes Torres com corporativismo, ao relativizar a gravidade de seu envolvimento, talvez pelo senador ser um quadro vindo do Ministério Público de Goiás, ou sabe-se lá o por quê;
4) Ele estaria tratando com menos rigor um senador do DEM por algum tipo de afinidade ideológica;
5) Haveria conchavos políticos por trás do engavetamento;
6) E há quem imagine coisas piores, que nem é bom falar.
A Procuradoria-Geral da República deve à nação uma resposta contundente que afaste estes pensamentos do imaginário popular.
"Carteirada" moral
No entanto, no site do Ministério Público Federal o vemos é, em vez de respostas, notas de manifestação de apoio de associações de procuradores e outras entidades que, em vez de ajudar a preservar a imagem do órgão, só piora as coisas perante o povo, pois demonstra corporativismo, blindagem à apuração até mesmo de meras falhas humanas, falta de transparência, e falta de compreensão de que além de serem servidores de um órgão burocrático, são servidores do povo brasileiro, a quem devem prestar contas.
O povo não está pedindo a cabeça de Gurgel (apesar de já haver quem peça), está pedindo respostas e explicações que provem não termos de volta um engavetador-geral da República e não termos um órgão sujeito a pressões, nem tendencioso partidariamente.
Manifestos atestando bons antecedentes, testemunhos de amigos e colegas de profissão, carteiradas morais, não fazem o tempo voltar a setembro de 2009 para dar outro rumo que foi dado ao relatório da Operação Vegas.
Se errou, contanto que não seja de propósito, errar é humano. Admitir e corrigir o erro é gesto de grandeza. Não admitir e não dar satisfação nenhuma é expor a instituição ao descrédito.
Para o cidadão comum, um procurador do Ministério Público deve ser alguém que a gente vê, e diz que compra um carro usado dele. Por isso espera-se da instituição que não oculte os defeitos conhecidos do carro, quando existirem.

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