sexta-feira, 25 de maio de 2012

Congresso urge chamar "imprensa" as falas na CPMI

Parlamento brasileiro necessita solidificar suas estruturas de apoio popular.  A representação do povo é ainda um arcabouço da democracia brasileira, mas a CPMI pode representar um avanço histórico nesse sentido 
Após algumas semanas da instalação da CPI do Cachoeira, surgem rumores de que grandes veículos de comunicação, destacadamente a Veja, que estaria respaldada pela solidariedade de Folha, Globo e Época, estariam interferindo no andamento desta comissão.

Ameaças de retaliação política estariam sendo feitas a parlamentares e partidos políticos que ousarem convocar Policarpo Júnior, editor chefe da Veja e o proprietário do grupo Abril, Roberto Civita.

Atitude desesperada, de quem quer encobrir a verdade dos fatos e impedir que a sociedade tome conhecimento pleno de todos os atos de corrupção gerados no esquema Cachoeira, operacionalizado por oposicionistas e jornalistas de colossais empresas de comunicação brasileiras.

Agem como se estivessem acima do bem e do mal, se compreendem muito maiores que o interesse social que deveriam cumprir e imunes à lei, que deveriam cumprir como qualquer pessoa, física ou jurídica.

Muito pior: estes jornalistas, sob ordens de seus poderosos chefões, rasgam as normas do bom jornalismo e descumprem a missão primordial da imprensa, que é informar a sociedade dos fatos relevantes, observando e/ou analisando os seus mais variados contextos.

A imprensa brasileira, em geral, salvo exceções, acredita-se mais poderosa até que os poderes constituídos da República, tanto que intentam pautar a mais alta corte do país para apressar o julgamento do mensalão, segundo os interesses que patrocinam, mas que não assumem publicamente.

O país está diante de uma grande oportunidade de ser passado a limpo, a começar pelo meio político, passando por escroques da imprensa, do empresariado e do judiciário. 
 
O papel redentor do meio político

O papel que esta CPI pode desempenhar tem tudo para desentranhar outros fatos escabrosos e escândalos fedegosos, mas também servir como uma espécie de desinfetante ético, limpando tais setores de malfeitores conhecidos, falsos moralistas, supostos defensores da lei e deformadores de opinião.

O recuo diante da intimidação que alguns órgãos de imprensa advertem, significaria robustecer a crença de que o Parlamento brasileiro sucumbe a negociatas inconfessáveis e acordos vis, colocando o cidadão brasileiro em segundo plano na pauta das decisões do Congresso, espaço que deveria servir aos interesses do povo, em primeiro lugar.

Pelo contrário, avançar nestas investigações e convocar governadores, membros do judiciário, empresários e jornalistas, todos citados e envolvidos no esquema, conforme as escutas produzidas pelo trabalho da Polícia Federal na operação Monte Carlo, traria a cena a esperança de uma mudança dos rumos do Congresso e, salvo parlamentares que, voluntariamente, se inclinam em agir a margem da ética e da lei,  poderia simbolizar a redenção do círculo político.

Sem a confiança da sociedade não há como o parlamento agir em conformidade com os anseios da maioria do povo. Atualmente a Câmara e o Senado brasileiros não gozam do respeito e da admiração de suas bases sociais, conforme as pesquisas de opinião divulgadas nos últimos anos.

A vitória sobre esta desconfiança só se concretizará, gradualmente, com esforços legislativos incisivos em proveito da maioria e na prática contumaz de combate aos desvios de comportamento, não apenas aqueles cometidos por Cachoeira, Demóstenes Torres, Marconi Perillo, Construtora Delta e outros personagens políticos e do meio empresarial envolvidos. 

Mostrar ao povo os falsos moralistas
A sociedade brasileira precisa saber que aqueles que se intitulam formadores de opinião, que ostentam as etiquetas das grandes marcas das comunicações, também agiram e ainda agem para enganá-los, desinformando e, quando não, se associando ao crime organizado para benefício próprio ou em favor de poucos.

O brasileiro comum quer que a apuração dos graves fatos não se restrinja apenas aos nomes já veiculados pela imprensa, mas precisa que chegue aos nomes que a própria mídia se recusa a divulgar, muitos deles ocupantes de cargos importantes no setor.
Setores da imprensa, historicamente ligados a causas infiéis ao interesse nacional, age corporativamente  para safar-se das penas que suas ações fora da lei podem causar.
O Congresso brasileiro precisa desentocar tais agentes midiáticos a serviço do crime ou da desinformação social, pois, no mínimo, atentaram contra a ética e o bom jornalismo.
Senão condenam-se juntos, imprensa e parlamento, ao descrédito público mais agudo.

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