sexta-feira, 18 de maio de 2012

Alckmin nega repasses federais ao Metrô, mas é desmentido

Governador diz que não há “um centavo do PT” em trem e metrô, mas portais da transparência dos governos federal e estadual mostram versão diferente
Governador Geraldo Alckmim na entrega de novos trens para 
Linha 8-Diamante da CPTM, em fevereiro deste ano. 
(Foto: José Luís da Conceição/Governo do Estado de São Paulo)
São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), negou a existência de recursos federais nas obras dos trens metropolitanos e do metrô paulistano, mas acabou contrariado por um estudo e pela consulta aos sistemas de transparência. “Não tem um centavo do PT em trem e metrô de São Paulo, só tem críticas e aleivosias como esta”, afirmou o tucano, durante evento no Palácio dos Bandeirantes.
Questionado sobre o choque entre trens ocorrido na quarta-feira (16) próximo à estação Carrão, na zona leste da capital paulista, o governador criticou estudo divulgado pela bancada do PT na Assembleia Legislativa mostrando corte de recursos na modernização e na construção de novas linhas. Para ele, os petistas “pinçam” dados na tentativa de prejudicá-lo, em episódio que classificou de “baixeza eleitoral” de “quem não contribui com nada para o sistema metroferroviário”.
A consulta ao Portal da Transparência, porém, desmente a versão do governador paulista. Segundo a Controladoria Geral da União (CGU), apenas com vistas à Copa de 2014 serão repassados mais de R$ 1 bilhão do governo federal. A verba tem como objetivo a construção do monotrilho, que o governo estadual considera como uma extensão dos sistemas de trens e metrô.
O próprio portal de transparência do governo do PSDB desmente a afirmação de Alckmin. O convênio 610977, firmado em 2007 entre o Ministério das Cidades e o Palácio dos Bandeirantes, repassou R$ 271 milhões à Companhia do Metropolitano de São Paulo, o Metrô. O objetivo foi o prolongamento da Linha 2 – Verde, em especial para a construção entre os bairros Ipiranga e Vila Prudente, na zona leste. Este é, aliás, um dos maiores contratos firmados nos últimos 16 anos entre as gestões federal e do estado.
Segundo a bancada do PT na Assembleia, que consolidou e atualizou os repasses feitos de 1995 a 2011, os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, ambos do PT, enviaram ao sistema de trens e metrô R$ 15,2 bilhões nos últimos nove anos. Por outro lado, entre 1995 e 2002 o então presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, assinou contratos no valor de R$ 4,6 bilhões.

Acidente

Em conversa com jornalistas após evento no palácio, Alckmin minimizou o acidente, que deixou ao menos 47 feridos, enfatizando que se trata de um módulo de transporte responsável por transportar 5 milhões de passageiros ao dia. “Quero destacar que o metrô é um sistema seguro, transportamos 11 bilhões de passageiros nos últimos dez anos”, afirmou. “A investigação está em curso ainda, vamos aguardar, mas provavelmente não foi falha humana, foi uma falha técnica do sistema. Isso está sendo averiguado com enorme responsabilidade.”
Na quarta-feira (16), ao visitar o local do acidente, o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, atribuiu o número elevado de feridos ao comportamento dos passageiros. "A velocidade era baixa, semelhante à velocidade de quando os trens engatam. Algumas pessoas só se machucaram porque estavam distraídas", afirmou.
Raoni Scandiuzzi
No Rede Brasil Atual

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