quarta-feira, 18 de abril de 2012

A verdade sobre a operação abafa do Estadão


Assim como fez em 2010, o jornal O Estado de S.Paulo assumiu na terça-feira, dia 17, novamente, seu posicionamento partidário. Ainda não declararam apoio à candidatura de José Serra à prefeitura de São Paulo. Mas o editorial “A verdadeira operação abafa”, deixa claro o antipetismo do jornal e a preferência partidária pelo PSDB.

O editorial do Estadão é a inversão do medo. Novamente, por meio de falhos argumentos, dizem que o PT faz a “operação abafa” para impedir o julgamento do “mensalão”. Lideranças petistas estariam pressionando os ministros do STF para que o julgamento fosse postergado para 2013. Desta forma, não haveria desgaste político durante o pleito eleitoral que ocorrerá agora em 2012. Além disso, na tentativa de igualar todos os partidos, o jornal por conta própria, diz que o PT assume os riscos ao apoiar a CPI da Cachoeira com o único objetivo de atingir Marconi Perillo, governador de Goiás pelo PSDB, desafeto político de Lula. Se não bastassem todas estas alegações, negam que estão articulados para esconder os malfeitos do governador de Goiás.

Alguns trechos do editorial merecem esclarecimento:

A tática dos lulopetistas de acusar os adversários políticos de praticar as malfeitorias que eles próprios cometem é sobejamente conhecida, mas chega a ser desconcertante o caradurismo da operação abafa que suas lideranças estão tentando instaurar diante da iminência do julgamento do processo do “mensalão” pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Não existe tática. A criação da CPMI, reunindo Câmara Federal e Senado, foi resultado da decisão unânime de vários partidos, que sentiram a necessidade de investigar as denúncias que se tornaram públicas. Não existe cortina de fumaça e tampouco operação abafa. Existe o consenso que entende a necessidade de se apurar malfeitos. A verdade é que a mídia finge ignorar os autos do processo do “mensalão”. Para que o caso seja julgado, existe a necessidade revisão do processo, para apresentação do parecer que servirá de base para que os ministros votem. Logo, não existe interferência política por parte do PT. Na verdade, tentam politizar a questão e colocam em dúvida a isenção partidária da Suprema Corte. A mídia é que vem requentando o “mensalão”, omitindo o caso Cachoeira-Demóstenes para preservar a si e a seus pares.
A direção do partido foi muito longe, muito depressa. Tanto que a presidente Dilma Rousseff, na sexta-feira, queixou-se da precipitação e dos termos da nota oficial do PT e chegou a pedir a Lula que não jogue mais lenha na fogueira. Como se sabe, Lula não vê a hora de destruir politicamente o seu desafeto Marconi Perillo. Dilma, no entanto, se preocupa com os respingos de lama que a CPI certamente jogará no governo que preside.
A preocupação dos respingos de lama que a CPI jogará existe sim. Em especial por grande parte da mídia que coloca palavras na boca da presidente Dilma Rousseff e dos membros da sigla petista, como se houvesse preocupação com a instalação da CPI. As matérias opinativas publicadas pelos veículos mancomunados com a oposição, chegaram inclusive, a colocar Carlinhos Cachoeira no colo de Agnello Queiroz (PT/DF). Walter Pinheiro, senador pelo PT na Bahia, já reuniu as assinaturas necessárias pelo regimento no requerimento de investigação. O número alcançado no Senado não reúne assinaturas do PMDB e da oposição. Cadê a oposição?
“O momento, agora, é de coleta de assinaturas e indicação de nomes de deputados e senadores que vão integrar a CPIM, fora isso, cabem apenas especulações e conclusões sem sentido” – disse o senador em resposta às reportagens como a publicada no jornal o Globo, que sugeriu em uma reportagem que ele era o líder da ala do partido que era contrária à CPI. Jilmar Tatto, líder do PT na Câmara dos deputados, ironizou as notícias que dão conta de um possível medo e desconforto por parte do Planalto e da Presidente Dilma Roussef em relação à instalação da CPI – “Devo estar em outro mundo. Ninguém fala (mal da CPI) comigo ou me conta isso. Tenho a convicção de que a CPI não atrapalha o governo, o PT, o país, o processo legislativo. Não é uma CPI contra o governo e nem contra a oposição. A gente vê com tranquilidade.”
No que diz respeito ao STF, os petistas confiam, sempre movidos por seu enraizado sentimento de patota, no fato de que a maioria dos atuais ministros foi nomeada por Lula e Dilma. É uma expectativa que não honra a tradição de absoluta isenção partidária com que os juízes da Suprema Corte historicamente se comportam no desempenho de suas altas responsabilidades.
José Dirceu (PT) publicou um artigo que desmente a tese de que o PT confia que o julgamento do “mensalão” será postergado pelo fato de que a maioria dos ministros foi nomeada por Lula e Dilma – “eu sou réu neste processo e sempre disse que quero ser julgado para provar minha inocência… Só para lembrar: o caso “mensalão” emergiu dentro do caso Cachoeira-Demóstenes pelo fato do ex-prefeito de Anápolis, Ernani José de Paulo, ter denunciado que a gravação de entrega de propina nos Correios em 2005 – que deu origem à CPI dos Correios e ao “mensalão” – foi patrocinada pelo esquema de Cachoeira”…
E não se pejam de alegar que os principais veículos de comunicação do País estão envolvidos – ora vejam – numa operação abafa destinada a acobertar os malfeitos do desmoralizado senador goiano.
Além do envolvimento e articulação da operação abafa, a revista Veja, fez parte do crime organizado que será investigado pela CPI. Policarpo Jr., editor chefe da sucursal da revista em Brasília, foi flagrado na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal em mais de 200 ligações em conversar com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Dentre os assuntos, estavam sugestões de pautas favoráveis ao bicheiro e ao senador Demóstenes Torres, ex-DEM. Veículos, como o Estadão e a Veja, de forma totalitária, em suas matérias jornalísticas de cunho opinativo, dizem que a CPI será uma caça aos jornalistas. Falam como se estivem sendo acuados pela Lei da Mordaça.
Aqui nem iremos citar o esculacho que Marco Maia (PT/RS) deu na revista Veja.
“Ora vejam”, eles querem ou não confundir a opinião pública?

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