segunda-feira, 30 de abril de 2012

Bomba no DF: vice armava para derrubar governador


Trecho do relatório da Operação Monte Carlo aponta que o vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filipelli, do PMDB, pagava jornalistas para tentar derrubar o governador Agnelo Queiroz, do PT, e chegar ao comando do Palácio do Buriti; Mino Pedrosa, ex-assessor de Carlos Cachoeira, receberia R$ 100 mil mensais
A crise política deflagrada pela Operação Monte Carlo pode ganhar contornos incontroláveis no Distrito Federal. Um dos trechos do inquérito vazado pelo 247 aponta que o vice-governador Tadeu Filipelli, do PMDB, conspirava para derrubar o governador Agnelo Queiroz, do PT. O trecho aparece na página 202, do anexo 7 (leia mais aqui).
Trata-se do resumo de uma conversa entre o espião Idalberto Matias, o Dadá, e o policial Marcelão, que é também dono de uma agência de publicidade no Distrito Federal, a Plá. Nela, ambos comentam que o jornalista Mino Pedrosa, ex-assessor de Carlos Cachoeira, teria um contrato de R$ 100 mil mensais, que seriam pagos por Filipelli. Ambos comentam ainda que outro jornalista, chamado Edson Sombra, seria também remunerado pelo vice-governador. Há ainda uma anotação sobre um apartamento que teria sido dado por Cachoeira a Mino Pedrosa em Brasília. Além disso, Mino teria uma cunhada empregada no gabinete de Demóstenes Torres (sem partido/GO).
Nos últimos meses, o governador Agnelo Queiroz recebeu ataques em série. Denúncias, que antes eram publicadas em blogs de jornalistas do DF, como Edson Sombra e Mino Pedrosa, depois eram amplificadas em veículos de grande circulação nacional, como Veja e Época. Até agora, no entanto, o inquérito tem revelado que o esquema Delta-Cachoeira não conseguiu se infiltrar no governo do Distrito Federal da mesma maneira como dominava o estado de Goiás (sobre isso, leia o post de Ricardo Noblat).

CPI da Arapongagem

Como as ligações entre a Delta e o governo do Distrito Federal são frágeis, a tentativa de impeachment incorporou uma nova estratégia. Agnelo passou a ser acusado de montar uma rede de arapongas para grampear políticos, jornalistas e empresários. Entre eles, o vice-governador Tadeu Filipelli e o jornalista Edson Sombra. Sobre isso, já há até uma CPI instalada no Distrito Federal.
Nesta sexta, Filipelli representou ao Ministério Público Federal, solicitando a apuração de uma possível investigação ilegal, realizada contra ele, alegando a necessidade de defender as instituições. Ocorre que os grampos da Operação Monte Carlo revelam que o Watergate brasiliense pode ter sido montado justamente por aqueles que seriam beneficiados pela queda do governador.
Abaixo, o trecho do relatório da PF que menciona a doação do apartamento de Mino Pedrosa e o pagamento de jornalistas por Filipelli:
RESUMO
KID 9 (KlD NOVE).
FALAM SOBRE SUCESSÃO DO DIRETOR DA PCDF. ENCONTRO DE SANDRO AVELA E ERIC SEBA (FILMAGEM)
APARTAMENTO QUE CARLINHOS DEU PRA MINO PEDROSA.
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TELEFONE NOME DO ALVO
6192800078 Idalberto Matias de Araujo - Monte Carlo
INTERLOCUTORES/COMENTÁRIO
DADA X MARCELÃO PLX
DATNHORA INICIAL DATNHORA FINAL DURAÇÃO
07/02/201213:32:54 07/02/201213:34:32 00:01:38
ALVO INTERLOCUTOR ORIGEM DA LIGAÇÃO TIPO
A
RESUMO
MINO PEDROSA TEM UM CONTRATO COM O FILlPELI R$ 100.000 POR MES. ENTÃO O SOMBRA DEVE ESTAR
SENDO F1NANDIADO PELO FILlPELI.
A CUNHADA DO MINO TRABALHO NO GABINETE DE DEMOSTENES (SENADOR)
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