Foto: Joel Silva/Folhapress |
A
Locanty, uma das empresas denunciadas no esquema de propina que envolve
a licitação de contratos públicos, doou R$ 3,420 mi para várias
campanhas nas eleições de 2010. Só o PMDB recebeu mais de R$ 1,3 mi. O
candidato à presidência José Serra (PSDB) também recebeu R$ 50 mil
O
pedido de CPI feito pelo deputado Paulo Ramos (PDT-RJ) para apurar as
fraudes nas licitações da saúde reveladas pelo Fantástico no último
domingo tem um adversário de peso: o PMDB-RJ. O partido recebeu mais de
R$ 1,3 milhão da Locanty, uma das empresas denunciadas no esquema de
propina que envolve a licitação de contratos públicos.
No
total, a Locanty doou R$ 3,420 milhões para vários partidos nas
eleições de 2010. Entre eles, políticos do PMDB (R$ 1,3 milhão), o
PT-RJ, e deputados estaduais Alcebíades Sabino, do PSC, e Bebeto, do PDT
(R$ 50 mil cada). O candidato à presidência José Serra (PSDB) também
recebeu uma contribuição de R$ 50 mil.
Leia mais na reportagem do Globo:
A
Locanty Comércio e Serviços Ltda - uma das empresas denunciadas por
oferecer propinas para ganhar licitações na área da saúde - doou mais de
R$ 1,4 milhão para quatro campanhas eleitorais de 2010. Entre elas,
três foram para políticos do Rio: o PMDB (R$ 1,3 milhão) e os deputados
estaduais Alcebíades Sabino (PSC) e Bebeto (PDT), que receberam R$ 50
mil cada. O candidato à presidência José Serra (PSDB) também recebeu
contribuição de R$ 50 mil. Apesar de o site Transparência Brasil
informar que a doação ao PMDB foi para a campanha de reeleição de Sérgio
Cabral, a assessoria do governador informou que esses recursos foram
doados ao partido, a quem cabe explicar o destino do repasse.
No
estado, a Locanty já recebeu mais de R$ 7 milhões em 2012 das
secretarias de Segurança, Casa Civil, Ciência e Tecnologia, Meio
Ambiente, Transportes, Defensoria Pública e Tribunal de Justiça. As
empresas Locanty, Toesa, Rufolo e Bella Vista ofereceram propina a um
repórter do "Fantástico" que se passava por gestor no Hospital da UFRJ.
Outra
curiosidade sobre a Locanty é que ela também presta serviços para a
Superintendência da Polícia Federal do Rio, responsável por investigar a
denúncia. Os contratos ultrapassaram o valor de R$ 1,2 milhão em dois
anos. Desse total, R$ 629.200 em 2010 e R$ 590 mil em 2009. Os valores
se referem à contratação de mão de obra para serviços de copa e cozinha e
à limpeza interna e externa. Este ano, a empresa já recebeu quase R$
150 mil pela prestação de serviços à PF do Rio. As informações foram
obtidas pelo GLOBO numa consulta a notas de empenho no Portal da
Transparência mantido pelo governo federal.
A
empresa recebeu dos cofres federais R$ 39,4 milhões em 2011, sendo R$
33,1 milhões apenas para a contratação de mão de obra. Foi fornecedora,
por exemplo, dos V Jogos Mundiais Militares, que reuniu atletas de 120
países no Rio. O maior cliente entre repartições federais em 2011 foi o
Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi): R$ 9 milhões.
Propina: Dilma defende punição exemplar
A
forte reação do governo, com a abertura de investigação em relação às
denúncias, foi uma determinação da presidente Dilma Rousseff. Segundo um
auxiliar do Palácio do Planalto, a intenção é mostrar que há
preocupação do governo com o tema e que o episódio será utilizado como
um caso exemplar, com ações concretas para tentar conter a prática de
oferecer propinas para fraudar licitações.
Entre
as providências estão a abertura de inquéritos pela Polícia Federal,
que deve começar a ouvir nesta quarta-feira 17 pessoas ligadas às quatro
empresas denunciadas por corrupção. Além disso, o Ministério da Saúde
determinou ontem a suspensão de um contrato com a Bella Vista, que
fornece refeições para o Hospital do Andaraí, no Rio. Ela recebe R$ 1
milhão por mês para servir duas mil refeições diárias. Na reportagem do
"Fantástico", um representante da Bella Vista diz que é possível
acrescentar, como propina, R$ 1 em cada refeição contratada. O advogado
da Bella Vista disse que o contrato firmado com o Andaraí foi feito
dentro da lei e que a comida continuará sendo fornecida ao hospital até
que tudo seja esclarecido.
Senadores e deputados colhem assinaturas para CPI
Ontem
a oposição, na Câmara e no Senado, começou a recolher assinaturas para a
abertura de uma CPI mista com o objetivo de investigar o esquema de
fraude em licitações da área de saúde. Para ser instalada, a CPI
precisará do apoio de 171 deputados e 27 senadores. O governo é contra a
CPI, pois argumenta que não existe fato determinado e que a União,
administrativamente, já vem tomando medidas para coibir as fraudes
contra o SUS. O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), assegurou que
a CPI pode ficar restrita ao Senado, caso o Palácio do Planalto use a
maioria na Câmara para impedir o recolhimento do número mínimo de
assinaturas.
No Brasil 247
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