domingo, 26 de fevereiro de 2012

A atual crise do capitalismo sintetizada em tira de Bill Watterson

Calvin e Haroldo, tira de Bill Watterson, circulou por muitos anos nos jornais brasileiros
Nesta tira, dos anos 1990, Watterson já preconizava a crise que agravaria a credibilidade e abalaria os pilares do capitalismo em 2008, no mundo inteiro.
Lucros exorbitantes, demandas irreais, bônus milionários aos grandes executivos e, se tudo der errado, subsídios do Estado para sobreviver... Receita infalível dos CEO's das empresas globais.

Conforme publicado no Ig esta semana, tais disparates continuam se intensificando e gerando uma descrença cada vez maior sobre as grandes corporações por parte das pessoas:

"...O total médio pago aos executivos-chefes cresceu 33% em 2010, enquanto os valores de mercado médios das companhias cresceram 24%, de acordo com o Instituto de Pesquisa para Políticas Públicas. Um estudo feito pela London School of Economics descobriu que um aumento de 10% no valor de mercado de uma empresa geralmente era seguido de uma alta de 3% no pagamento do executivo-chefe, mas de um aumento de apenas 0,2% no pagamento dos trabalhadores comuns.
(...)Em 2010, o pagamento a executivos das 100 principais companhias britânicas listadas cresceu uma média de 49%, em comparação com o 2,7% do trabalhador comum, de acordo com um estudo do think tank High Pay Commission. Na gigante British Petroleum, por exemplo, o ex-CEO Tony Hayward ganhou 63 vezes o valor do funcionário comum em 2010, o ano em que deixou a empresa. Em 1979, seu pagamento era somente 16,5 vezes maior, segundo a comissão."



Watterson já era um descrente convicto durante a administração Clinton, que não conteve os avanços dos maiores conglomerados em direção ao governo e da desregulação do mercado, acentuado no mandato de Bush filho, o que acelerou a eclosão da crise no final da década passada.

Watterson disse não a "patenteação" de sua obra
A última tira de Calvin and Hobbes foi publicada em 31 de dezembro de 1995, Watterson não se enquadrava nos comportamentos padrões de personalidades muito conhecidas, recusava-se a autografar suas produções pelo fato de muitas pessoas a comercializarem por um valor absurdo depois. Formado em Ciências Políticas, muitos do discurso presente nas idéias de Calvin vinham de suas críticas a sociedade americana.

O autor ainda lutou contra a pressão de editores para comercializar no varejo seu trabalho, recusava-se a vender suas criações, dizendo que colar imagens de Calvin e Hobbes em canecas, adesivos e camisetas as reduziriam a meras peças comerciais.

Fui um fiel leitor dominical de Calvin e Haroldo nos anos 1990, apesar de análises incomuns para uma criança, Calvin convencia em suas tiradas, destilando um certo pessimismo com o modo de produção de acumulação desenfreado e todas as suas dolorosas incoerências.

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