quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A marcha contra a corrupção, a manipulação da Globo e o marco regulatório


Paraná - Manifestantes se reuniram com faixas no Centro de Curitiba
Eles sempre gostaram de vassouras e de golpes de estado (foto G1)
Por Davis Sena Filho
São 7h30 desta quinta-feira, após o feriado nacional do dia 12 de outubro. Ligo a televisão e me deparo com o “Mau Dia Brasil”, diário eletrônico vespertino da TV Globo, apresentado por Chico Pinheiro e Renata Vasconcellos, a ter como coadjuvantes em Brasília o veterano Alexandre Garcia e uma novata, em termos, que está a fazer doutorado em cinismo, que atende pelo nome de Zileide Silva.
A manchete é pronunciada de forma alta e com ênfase pelos âncoras Chico e Renata. “Marcha contra a corrupção em todos o Brasil coloca multidões nas ruas”. Pensei com os meus botões: “Nossa, a Globo quer derrubar o governo ou no mínimo causar danos à governabilidade da presidenta Dilma Rousseff. Ou quem sabe, apenas fazer marolas para incomodar o Governo trabalhista.
Olho as imagens das “multidões” em Brasília, São Paulo, Salvador e no Rio de Janeiro. Trata-se das principais capitais do País, que têm contingentes enormes de brasileiros negros ou pardos. Contudo, não se vê praticamente pessoas negras e muito menos cidadãos das classes sociais pobres, carentes.
A verdade é que as câmaras da TV Globo não abrem, não mostram planos abertos e com isso enganam os telespectadores brasileiros, porque a Globo está a fazer verdadeiras reporCagens, pratica um jornalismo de esgoto, que mente, engana e não se preocupa com qualquer ética no que concerne a apresentar notícias ao público. A Globo e os jornalistas responsáveis pela matéria da marcha perderam totalmente a vergonha na cara. É revoltante!
A manipulação é feita na cara dura, sem levar em conta se as pessoas que estão a ver a matéria porcaria vão ficar de queixo caído com tanta sujeira e má-fé. Renata Vasconcellos se empolga com as “multidões” que tomaram as ruas das capitais brasileiras. Contudo, a matéria é curta  e pouco explicativa em comparação com o tom que foi dado à manchete sobre  o movimento.
A marcha de Brasília, segundo a Globo, contou com 20 mil pessoas, o que não é verdade. Nas outras capitais as comentadas “multidões” não ultrapassaram dois mil participantes, de acordo com a mesma TV, que teima em não aceitar a vitória dos presidentes trabalhistas Lula e Dilma. Realmente, a TV Globo e a imprensa corporativa em geral estão a ocupar o papel da oposição partidária deste País. 

Porém, existe um grande obstáculo: a Globo, o PSDB e os seus aliados não têm programa de governo e nem ideias para administrar o Brasil, a não ser o depoimento de Dom Raymundo Damasceno Assis, atual arcebispo de Aparecida, que se prontificou a atender a Globo porque tal televisão precisava, digamos, de uma autoridade que pudesse dar credibilidade às marchas contra a corrupção, que na verdade são marchas de gente despolitizada, branca, de classe média e rica e que não tem nada a fazer, a não ser ler a revista “Veja” os jornalões de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Não se via negros e nem pobres nas marchas. Não houve a participação de movimentos sociais, sindicatos, associações, estudantes e trabalhadores rurais. São marchas promovidas pela internet por eleitores conservadores, de direita e que detestam os trabalhistas no poder. Eles querem o terceiro turno, mas vão ter de esperar até 2014. A Globo é golpista e os apresentadores do “Mau Dia Brasil” são pessoas sem noção e totalmente alheias ao que é relativo à veracidade e ao jornalismo profissional.

Alexandre Garcia, porta-voz da ditadura militar, de forma ufana, anuncia que a marcha não tem a participação dos estudantes da UNE, de sindicatos e de políticos. E completa sua sandice com uma  total falta de senso crítico: “É um movimento realizado pela internet, espontâneo...” Não sei se ele é burro ou muito burro, porque ele elogia um movimento que não tem identidade. 

Todavia, sei que ele é compromissado até a medula com o pensamento torto de seus patrões. Durma-se com um barulho desses. Não dá para levar a sério tanta incongruência de homem que foi ligado ao regime militar, envelheceu e não aprendeu nada.

As marchas não passam de uma repetição do Movimento Cansei acontecido em São Paulo em 2007, que também foi um retumbante fracasso. A verdade que esses gangsters do sistema midiático hegemônico não estão nem aí para o Brasil. Zileide Silva, geralmente com a cara séria, abriu um sorriso e finalizou a “matéria” sobre a marcha, a sorrir: “O Blog do Planalto recebeu o recado. Ele foi invadido por hackers”... 

Logo entra uma imagem e mostra a bandidagem daqueles que não são compatíveis com o sistema democrático e fingem, com suas vassouras de bruxas janistas, que estão a varrer a corrupção. No passado, as pessoas que as empunhavam queriam o golpe contra o presidente João Goulart, o que aconteceu em 1964. Então, fica a pergunta que não quer calar: "Zileide Silva ri, com satisfação, de quê? Dos hackers que cometem ações ilegais?

Contudo, o governo da presidenta Dilma não pode brincar com a direita e nem relevar tal movimento, porque a direita não está morta e tem muitos recursos financeiros. Por causa disso, termos que ter uma lei para as mídias, para o setor midiático, de comunicação e informação que atenda às necessidades da sociedade brasileira. Estamos em um espaço vazio, que tem que ser preenchido, porque, do contrário, os inimigos da democracia e do desenvolvimento do Brasil ocupam esse espaço. As marchas apontam para essas tentativas da direita.

Está mais do que na hora de o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, colocar a mão na massa e realizar a Confecom II e assim chamar a sociedade para o debate. Se ele ficar parado como está considero que é melhor trocar de ministro. Não podemos ficar na mão de uma imprensa direitista, empresarial, rica e poderosa, de passado golpista. A história está presente para dar razão às minhas palavras. 

A Argentina já tem uma Ley de Medios. A Venezuela também. Os Estados Unidos e os europeus também. Por que estamos a esperar? Até quando? Não se brinca com a imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?). A imprensa engajada, política e partidária não deixa o Brasil trabalhar em paz.

Pela efetivação de um marco regulatório para o setor de comunicação já!

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