sábado, 22 de outubro de 2011

Extrema pobreza diminui, aponta Ipea


O Brasil está mais próximo de acabar com a extrema pobreza, a julgar por um diagnóstico recente elaborado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), intitulado “Mudanças recentes na pobreza brasileira”.
As causas desta perspectiva, segundo o órgão, são o crescimento do emprego formal no país, a política de valorização do salário mínimo, as transferência de renda através do Bolsa Família e a estabilidade macroeconômica. Devido a este conjunto de fatores, 6 milhões de pessoas deixaram a faixa de extrema pobreza, classificada como as famílias com renda per capita de até R$ 67 mensais.
Mobilidade
“Está ficando difícil estudar os extremamente pobres porque este grupo está mudando”, afirmou o técnico do Ipea Rafael Guerreiro Osório, durante palestra no 15º Fórum de Debates Brasilianas.org, realizado na última quinta (20) em São Paulo.
Rafael apresentou os dados do documento “Mudanças recentes na pobreza brasileira”, que traça um perfil da pobreza no Brasil e a evolução ocorrida no período 2004-2009. O estudo divide a população que, em 2009, tinha ganhos abaixo de R$ 465 mensais per capita em três estratos: os extremamentes pobres, com renda menor que R$ 67/mês; os pobres, com renda entre R$ 67 e R$ 134; e os vulneráveis, com renda entre R$ 134 e R$ 465. Acima deste valor, as famílias são classificadas como não-pobres.
18,3 milhões saem da pobreza
Rafael mostrou que houve uma diminuição nos três estratos mais pobres, revelando uma notável mobilidade social. Entre o período estudado, no mínimo 18,3 milhões de pessoas ascenderam para a faixa dos não-pobres. Segundo o pesquisador, este dado é importante porque muda a impressão errada de que estes grupos são estáticos.
Ocorreu, também, uma mudança na estrutura etária destes estratos de renda. Com a vinculação do piso da previdência ao salário mínimo, os idosos agora se concentram entre os vulneráveis e os não-pobres, contra somente 1% de pessoas com mais de 65 anos na faixa de extrema pobreza.
Mercado de trabalho
De acordo com o Ipea, a pobreza agora está mais relacionada com o tipo de conexão com o mercado de trabalho. Na faixa dos extremamente pobres, 29% não têm conexão com o mercado, e 32% têm uma conexão precária, ou seja, empregados ou empreendedores informais, sem carteira de trabalho. Revela-se aí o corte de classe da pobreza, que afeta basicamente os membros da classe trabalhadora.
Apesar das mudanças, a distribuição espacial da pobreza no país mudou pouco. Os pequenos municípios rurais no Nordeste ainda concentram a maior parte da incidência de pobreza. Rafael sugeriu que políticas sociais com ênfase neste municípios podem ser mais eficientes no combate à pobreza.
O comunicado do Ipea conclui que, sem a geração de empregos e o aumento real do salário mínimo, o Bolsa Família não seria tão bem sucedido. Além disso, Rafael Osório ressaltou que, embora as políticas de transferência tenham influenciado ao aumento do bem-estar por causa da renda, esta evolução não teve a mesma intensidade em outras áreas da políticas públicas, como no saneamento básico.
João Paulo Caldeira
No Guerrilheiro do Entardecer

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