sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Juros: surpresa para quem?

Ler os jornais é, todo dia, uma tarefa que entristece a gente. É inacreditável que algo tão importante quanto a informação, que é a base para todos os atos sociais do ser humano, seja dirigida de uma maneira tão supérflua e danosa para a correta compreensão dos fatos.

Preparei, para publicar no blog de economia em que colaboro – o Projeto Nacional – um gráfico elaborado a partir de informações recolhidas pelo Ipea junto ao Banco Central. Daqui a pouco publicam lá, visite para mais informações.

Mas o que ele mostra, essencialmente, é o comportamento das taxas de juros em operações de swap registradas no mercado interbancário e de outras instituições financeiras.

O swap é uma operação, como diz a palavra inglesa, de troca. Neste caso de títulos: troco um título pós-fixado por uma taxa flutuante (a Selic do Banco Central, por exemplo) por outro, com remuneração pré-fixada. Ou, claro, vice-versa.

Esta troca é uma aposta: se acho que a taxa flutuante vai ficar maior do que o papel que tenho pré-fixado, troco. Se acho que vai ficar menor, troco meu título pós-fixado por outro pré-fixado, que acho que vai render mais.

Por exemplo: tenho um título pós-fixado em taxa Selic. Se acho que ela vai ficar em 12%, não troco por um pré-fixado em 11%. Mas se acho que a Selic ficará em 10%, troco, para ganhar mais um por cento. O mesmo movimento se faz inversamente.

Se a expectativa de juros futuros cai, a taxa das operações de swap, claro, cai também.

E o mercado financeiro, muito antes da decisão do Banco Central, trabalhava com um queda forte nas taxas futuras de juros.

Olhando o gráfico, você vê que ela caiu fortemente com a deterioração da economia mundial, uma redução até mais expressiva que a provocada pela decisão do Conselho de Política Monetária.

Não houve supresa alguma e muito menos uma decisão provocada por pressões políticas. O movimento de queda já era praticado, há mais de 20 dias, pelo mercado.

Só com o que não contavam era com a ação rápida do Banco Central.

Mas a imprensa brasileira, em geral, tratou a decisão como se fosse estranha como um relâmpago num dia de sol.

Porque, infelizmente, na sua maioria, passou a ser apenas uma repetidora dos interesses do mercado financeiro.

Um triste papel.

Do Blog TIJOLAÇO.COM

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