sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Dilma, os especuladores e o trabuco


A presidenta Dilma avisou, em artigo no Financial Times.

Estamos “ameaçados pela entrada de capital largamente especulativo e pela rápida e insustentável apreciação de suas moedas, os países em desenvolvimento que adotam taxa de câmbio flutuante, como o Brasil, são forçados a adotar medidas prudenciais para proteger suas economias e suas moedas nacionais.”

“Não vamos sucumbir a pressões inflacionárias vindas de fora. Com firmeza e serenidade vamos manter a inflação sob controle, sem abrir mão do crescimento econômico, que é essencial se vamos promover a inclusão social. Nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável e a estabilidade dos preços não é negociável e a sintonia de nossa política econômica sempre vai trabalhar com este objetivo” (leia o artigo na íntegra no Viomundo).

Mas porque a presidenta está falando em “insustentável apreciação de suas moedas” quando passamos a viver o contrário, uma onda de valorização do dólar.

Porque este é um movimento de espasmo, não uma tendência de longo prazo, pelo menos no nível em que as coisas estão agora, sem definição do quatro mundial. Não aconteceu nada, rigorosamente nada diferente do que vem acontecendo nos últimos 60 dias em matéria de deterioração da economia mundial.

Nada, exceto o convencimento de de que ela não vai ser detida com paralisia. E os Estados nacionais estão paralisados. As medidas tomadas pelo Banco Central Europeu, pelos governos da Zona do Euro e pelos seus correspondentes na América, o Fed e Barack Obama, seriam piadas, se não fossem um desastre. Ou, como acabou de escrever o economista Paul Krugman, “usar uma pistola d’água para deter um rinoceronte desembestado”.

o mercado, com tanto tempo para se prevenir, já fez seus arranjos e “precificou” o calote grego e a estagnação. O capital tomou todas as suas medidas de proteção e, exceto alguns bancos que seguem efetivamente expostos, agora procura as presas mais fracas para lançar suas garras sobre elas.

O Brasil tem, como defini num artigo sobre a especulação com dólar no blog Projeto Nacional – um “trabuco” cambial representado pelas nossas imensas reservas cambiais. O BC, de leve, deu uma cutucada hoje no mercado com a primeira intervenção vendendo dólar desde o início de 2009.

Não é ainda uma ação, mas um aviso de que pode e vai agir. Pôs o trabuco em cima da mesa, ao alcance dos olhos de toda a turma do saloon.

Também do Blog TIJOLAÇO.COM

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