domingo, 13 de março de 2011

A mercantilização da notícia

Rodolpho Motta Lima, Direto da Redação

“Há algum tempo, em um debate – creio que na Globo News, mediado pelo Alexandre Garcia – alguém, ao comparar a relevância e a confiabilidade da mídia tradicional em relação aos órgãos midiáticos alternativos ( blogs e redes sociais), avocou como argumento a favor do jornalismo tradicional o fato de que este observa como norma o que seria assim como uma cláusula pétrea do exercício da profissão: a audiência das partes envolvidas na notícia, dando sempre aos criticados o espaço conveniente de resposta, ou, se quiserem, de defesa. Nos blogs, ao contrário, circularia uma única ótica, sem direito ao contraditório, e, portanto, uma parcialidade incompatível com a busca da verdade. Neste mesmo programa – a título de veicular uma frase de efeito, também a favor da mídia tradicional – mencionou-se, em tom de pilhéria, afirmação alheia de que “é mais fácil comprar 100 blogueiros” do que uma empresa jornalística.

Com relação à primeira afirmação, acho que sua veracidade passa longe do que é real. Por um lado, percebe-se, em muitas oportunidades, que o depoimento dos envolvidos nas notícias como acusados, ou o chamado direito de resposta ,muitas vezes é conseguido a fórceps, vale dizer, por meio de medidas judiciais que obrigam a mídia a conceder esse espaço. Além disso, não são poucos os casos da transcrição de declarações destorcidas ou retiradas do contexto em que se produziram, para, ao contrário de beneficiar o declarante, comprometê-lo mais ainda. Isso para não falarmos dos recursos diretos ou indiretos de acusação sem direito a resposta.

Para ficarmos apenas em um exemplo, o jornal “O Globo” contratou, recentemente, a blogueira cubana Yoany Sanchez. Pretende, obviamente, que ela “informe” aos leitores sobre o que acontece na “ilha do mal”, a partir de sua visão de opositora ao regime . Um dos artigos da cubana que cheguei a ler fala das dificuldades encontradas pelos habitantes da ilha para acessar a internet ou mesmo para possuir um computador, dadas as restrições do regime. Não li outros, ainda, mas é lícito acreditar que a articulista falará da absurda censura a que vem sendo submetida, ou dos horrores sofridos pelos cubanos impedidos de deixar a ilha, que, se dependesse deles, só não ficaria totalmente desabitada porque Fidel e mais uma meia-dúzia ocupariam o espaço para desfrutar das fortunas amealhadas nos anos de terror...”
Artigo Completo, ::Aqui::

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