quarta-feira, 2 de março de 2011

Dissidência sobre mínimo leva Dilma a excluir PDT de reunião


Brasília - Após a confirmação do PDT como o partido da base governista que mais apresentou dissidências na votação do novo valor do salário mínimo, a presidente Dilma Rousseff determinou que os pedetistas não fossem convidados para a primeira reunião com líderes da base aliada desde que a sucessora de Lula tomou posse, em 1º de janeiro. A determinação de limar o PDT, que teve no deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical (SP), o principal articulador para a definição de um salário mínimo maior que os R$ 545 defendidos pelo Planalto, é uma demonstração de força da chefe do Executivo, que também já frustrou deputados e senadores ao cortar R$ 18,5 bilhões dos R$ 21 bilhões das emendas parlamentares no anunciado contingenciamento de R$ 50 bilhões.

"A ideia do governo era reunir os líderes que estão 100% afinados com o discurso. É o conjunto dos que se colocam 100% na linha política que estamos defendendo. Eu assumo integralmente a responsabilidade pelos convites, mas eu só faço o que a presidente manda", disse o líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza (PT-SP). "A decisão é do governo, mas num regime presidencialista a decisão é sempre da presidente", completou.

Coalizão

O ministro de Relações Institucionais, Luiz Sergio, negou que a ausência do PDT represente uma "retaliação" à legenda, mas disse ter havido a decisão de convocar apenas os "líderes que estão 100% com o governo". Para garantir uma interlocução mais frequente com os parlamentares, informou o coordenador político do Planalto, será ainda restaurado o Conselho Político da Coalizão, instância que reúne líderes aliados e presidente dos partidos da base de sustentação. A primeira reunião do colegiado deverá ser em 23 de março e, em princípio, os pedetistas serão convidados.

Também presente à primeira reunião de líderes com a presidente Dilma, o líder do PR na Câmara, Lincoln Portella (PR-MG), afirmou que, independentemente da exclusão, "o PDT não está fora da base". "A base vai continuar votando unida, mas não estamos fazendo a unidade burra. Vamos negociar em torno de um denominador comum", explicou.

Incômodo

Incomodado com a exclusão, o PDT, que tem o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, como representante no primeiro escalão na Esplanada, disse por meio do líder do partido na Câmara, Giovanni Queiroz (PA), que, mesmo se tivesse sido convidado, não iria se sentar à mesa com a presidente e ignorar o embate ocorrido por conta do reajuste do mínimo.

"Ela está fazendo uma opção de isolar o partido. Foi para evitar constrangimentos, já que eu como líder encaminhei a votação do salário mínimo pelos R$ 560. Mesmo se convidado, eu não iria", disse o parlamentar ao Terra. Ainda sob o efeito de ter batido de frente com o Palácio do Planalto na disputa pelo reajuste, Queiroz acusa o governo Dilma de ter "imposto" o valor de R$ 545 para o salário mínimo. "Não quiseram conversar. Impuseram de cima para baixo. O governo tem caixa, poderia ajudar e conceder um reajuste maior. Não temos nenhum constrangimento de não termos sido convidados. Foi melhor assim", observou ele, que defendeu ainda o deputado Paulinho da Força. "Paulinho fez o papel dele de líder sindical", resumiu.

Ao longo das negociações sobre o salário mínimo, o Palácio do Planalto mobilizou ministros - Guido Mantega, da Fazenda, e Carlos Lupi buscaram "convencer" os deputados a manter os R$ 545 - e líderes governistas para garantir que não haveria risco de derrota no primeiro embate do governo Dilma. Do JB
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Do Blog O TERROR DO NORDESTE.

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