quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Aprenda a perder, Serra. Seja homem

Caindo rapidamente nas pesquisas, o Zé (ou seria Serra, não se sabe mais), parece ter enlouquecido. A sua campanha é totalmente destrambelhada. Fizeram um site novo onde não consta nenhuma notícia, é apenas uma página onde você pode se registrar. Os serristas não tem sequer um site para centralizar notícias, vídeos e entrevistas com o candidato. Ontem o tucano deu uma entrevista para o SBT. Eu queria assistir, porque me interesso por política e este é meu trabalho. Não encontrei o vídeo em nenhum lugar. Esse é o candidato "mais preparado"? De que adianta propagar aos quatro ventos que já disputou tantas eleições se, na prática, exibe uma campanha tosca e incompetente?

E agora vem com factóides alucinados. Enganava-se quem achava que Serra passaria por cima da própria mãe para chegar ao poder. Ele passou é por cima da filha! O tucano tenta vender uma teoria alucinada de que Dilma, mesmo estando quase 30 pontos a sua frente nas pesquisas, teria mandado quebrar pessoalmente o sigilo de Verônica Serra para o prejudicar eleitoralmente.

Felizmente os fatos se sobrepõem aos factóides. Fosse uma denúncia séria, Dora Kramer, a serrista mais fanática da praça, não escreveria hoje sobre... Cesare Battisti. Merval Pereira, outro tucanófilo radicalizado, não escreveria sobre o.... PMDB.

A imprensa deu destaque à acusação de Serra, mas também à defesa da Receita, de que o sigilo foi quebrado legalmente. E, detalhe, aconteceu em setembro do ano passado...

A Receita não sabe dizer por que uma contribuinte de São Paulo entraria com ofício para quebra consentida de sigilo em Santo André. Por meio da assessoria da Fazenda, acrescentou que no dia 29 de setembro de 2009 "uma pessoa apareceu na delegacia de Santo André com uma procuração pedindo os dados fiscais de 2008 e 2009 de Verônica Serra".

Segundo informação da corregedoria, a procuração era assinada pela própria Verônica e tinha firma reconhecida. "Diante desse ofício, a funcionária (Lúcia Milan), cumpriu o pedido e não fez nada de errado", avaliou a assessoria do Ministério da Fazenda.
Trecho de matéria do Estadão desta quarta-feira.

A acusação esbarra ainda com outro muro lógico: quebrar o sigilo da filha de Serra apenas prejudicaria Dilma. Como imaginar que Dilma pudesse se arriscar tanto para se autoprejudicar? Não tem sentido. Mesmo assim, Serra e os aliados mais próximos, apostaram na estratégia, que somente depõe contra eles próprios, pois revela desespero e maucaratismo. O silêncio dos colunistas amigos diz tudo. Não querem se envolver com uma baixaria que, sabem eles, não levará a nada.

Assista abaixo a entrevista de Serra para o Jornal do Globo ontem.

Parte 1


Parte 2



Comentários rápidos sobre a entrevista acima:

  1. Cita, mais uma vez, "blogs sujos", repetindo o que havia dito no mesmo dia em entrevista para o SBT. Ofendendo a blogosfera de maneira genérica e covarde, o tucano aumenta sua rejeição na internet. E ainda quer usar a web como instrumento para "virada"...
  2. Repete chavões antipetistas já desgastados, como aparelhamento, etc.
  3. Repetitivo e enfadonho na maneira de expressar suas críticas econômicas: usa praticamente as mesmas frases para atacar juro alto e impostos. Não explica, porém, porque o governo FHC aumentou fortemente a carga tributária e impôs juros estratosféricos.
  4. Cruzou e descruzou os braços nervosamente, um gestual feio, que mostrou desequilíbrio emocional.
  5. Tentou sorrir ao final da primeira parte e quase rachou todos os aparelhos de tv ligados do país.
  6. Fugiu por muito tempo da pergunta sobre o mensalão do DEM. Pegou mal, porque Waack insistiu.
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Alívio tucano

Alívio na cúpula de campanha de José Serra. As pesquisas diárias encomendadas pelo PSDB têm mostrado nos últimos dias que Dilma Rousseff parou de subir e Serra parou de cair. Pesquisas encomendadas pelo PT indicam a mesma coisa. Ao fim e ao cabo, a esperança tucana é: Dilma bateu no teto e pode começar a perder alguns pontos – pontos preciosos para levar a disputa para o segundo turno.

Por Lauro Jardim, da Veja

Desde que teve início a virada de Dilma, a "cúpula de campanha de José Serra" sempre vem com essas pesquisas que continuariam a indicar a superioridade eleitoral do tucano. Pois bem, agora que Dilma tem 60% dos votos válidos, ou seja, já alcançou o que pode vir a ser a maior votação jamais registrada por um presidente brasileiro, Lauro Jardim vem nos falar em "alívio tucano" porque Serra parou de cair? Eles queriam o quê? Que Dilma atingisse 120% dos votos? É óbvio que a ascensão de Dilma tem um teto, e para mim 60% dos votos válidos já é uma vitória suficientemente acachapante.

(Panorama Político, Globo 1/set/2010)
Não vou mentir e dizer que esta notícia me deixou triste. Nestas eleições, ao que parece, haverá uma hipersaudável renovação no Senado, com forte possibilidade de que várias figuraças da Velha República tirem férias na Ilha das Ostras. Minha esperança é ver César Maia derrotado.

Merval analisa a força do PMDB num eventual governo Dilma. Tem gente com medo do fisiologismo do PMDB e achando que Dilma ficará refém do partido de seu vice. Não partilho desse medo. O PMDB sabe que não haverá facilidades com a petista. A quantidade de pessoas presas pela Polícia Federal durante o governo Lula, muitas do PMDB, já provou que todo mundo tem de andar na linha.

Além do mais, se o PMDB terá força no próximo governo, os partidos de esquerda terão mais ainda: PT, PSB, PCdo B e PDT sairão fortalecidos das eleições e possivelmente irão formar um bloco de esquerda que atrairá boa parte do PT.

O mais importante, todavia, é a força da própria Dilma, que deverá amealhar a maior votação da história da República, superando de longe, por exemplo, seu mestre, Lula. A criatura, ao menos em número de votos, ficou maior que o criador.

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TSE manda emissoras tirarem do ar propaganda do próprio TSE... Trata-se de um comercial idiota que irritou - com toda razão - os dentistas, por apresentar um dentista psicopata representando um político ruim. Enquanto isso, a maioria do povo brasileiro segue DESCONHECENDO A EXIGÊNCIA DE DOIS DOCUMENTOS PARA VOTAR. A propaganda do TSE sobre o assunto é absolutamente incompreensível. Uma delas mostra um homem de origem italiana, supostamente homônimo de um japonês, sendo recebido pela família desse japonês com o qual ele foi confundido. A propaganda enfatiza somente a necessidade de se levar um documento com foto, mas O ELEITOR BRASILEIRO JÁ VINHA VOTANDO COM IDENTIDADE COM FOTO. O que ele não sabe é que precisa levar DOIS DOCUMENTOS. Alguém poderia avisar ao TSE para apresentar um comercial simples, direcionado sobretudo para pessoas de baixa instrução (maioria do população), explicando didaticamente que é preciso levar dois documentos para votar? O próprio Lula, em discurso recente em Recife, alertou para este fato. Existe ainda um custo financeiro para se retirar a segunda via de um documento, seja identidade seja título e o Brasil, para quem não se lembra, é um país onde a maioria de sua população é extremamente pobre. Em vista da mudança súbita, seria interessante que o Estado subsidiasse esse custo, evitando que os segmentos mais sofridos da população fiquem desprovidos do direito fundamental de escolher seus representantes. Ou então, o que é pior, que caiam nas mãos de populistas espertos que lhes dêem, "de graça", os documentos faltantes, apenas cobrando, em troca, um voto de confiança...

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Tenho lido várias análises alarmistas sobre o fim da oposição e o estabelecimento de uma hegemonia perigosa para a democracia brasileira. Balela! Só faltava essa: a de acabarem com o direito do eleitor de escolher ou expulsar partidos e pessoas da cena política.

O surgimento de uma nova oposição no Brasil virá naturalmente. É algo espontâneo, não apenas próprio da democracia, mas sobretudo uma característica da natureza e da vida - porque a democracia não é um artificialismo inventado por um gênio francês, e sim uma filosofia política aberta aos influxos de milênios de história e civilização.

Há um lado bom na hegemonia, que é a convergência, nascida do sufrágio universal, de interesses e objetivos. O povo quer desenvolvimento, distribuição de renda e um Estado ativo. Se ele não vê isso em determinado partido (como não vê no PSDB), então ele o condena eleitoralmente. Um crescimento sólido, estável, continuado, de longo prazo, só é possível através da liderança de um governo forte, com maioria no Congresso. Isso é positivo! Não é bom um governo fraco, sem maioria no legislativo, porque não se consegue fazer nada avançar: o país fica a mercê de conflitos partidários e crises políticas, muitas vezes infladas artificialmente por grupos midiáticos vinculados a determinadas facções.

É sinal de sabedoria e coerência por parte do eleitorado brasileiro que ele queira, além de eleger Dilma Rousseff, proporcionar-lhe um Congresso e um Senado favoráveis. A paranóia de setores da oposição e da mídia só teria fundamento se houvesse qualquer dúvida sobre a solidez das instituições democráticas nacionais. Não há essa dúvida.

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Sorry, Serra. Sorry, Índio. Vosso discursinho incendiário, de que Dilma estaria coligada às Farc, parece não ter atrapalhado a disposição do setor produtivo brasileiro de investir naquela que deverá fazer o Brasil continuar crescendo.

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