sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Denúncia - Alquimia ideológica, por Eduardo Guimarães.

Esta matéria, cuja autoria é atribuída ao EDUARDO GUIMARÃES foi enviada na tarde do dia 20 de Dezembro de 2008, pela amiga LEDA RIBEIRO, Professora Aposentada e residente na Cidade do Carmo/RJ, cidade e comarca onde como Juiz de Direito exerci minha primeira titularidade.
Como viajei por 10 dias em 21/12/08 e o final do ano para mim foi muito corrido, só agora estou respondendo todas as mensagens antigas, tanto assim que até agora só postei uma única matéria no meu Blog. A Prof. Leda é uma grande defensora da mídia livre e admiradora do Eduardo Guimarães, do Blog CIDADANIA.COM, que inclusive está entre os meus favoritos.
Um grande abraço para você Leda e também para o Eduardo Guimarães.

Vamos o texto:

Denúncia
Alquimia ideológica

Alguns chamam de falsidade ideológica, mas prefiro chamar de alquimia, ao menos no caso que venho expor hoje à vossa apreciação no sentido de ir desmontando a farsa que está em curso na imprensa, uma farsa que ameaça a toda a sociedade e que violenta o direito, a verdade, a decência e até o mais comezinho senso de humanidade, pois o que se pretende fazer com o Brasil é sabotá-lo, é destruir empregos, é pôr as vidas das pessoas em risco, não só a vida financeira e social, mas a vida moral e até física, pois períodos de depressão econômica são períodos de instabilidade do país como um todo, com todas as conseqüências mais imprevisíveis que se pode prever para tal tragédia, que, inclusive, pode atingir até seus autores, mesmo que se julguem imunes.
No fim das contas, ao denunciar as armadilhas que os meios de comunicação vêm colocando no caminho dos brasileiros a fim de beneficiar seus prepostos, despachantes que ajudam a eleger e que então se tornam defensores de determinadas e exclusivas classes sociais junto aos poderes da República, ao fazer isso, enfim, estou pregando para que cada um dos que lerem minha tese a repassem a tantos quantos puderem, cada um assumindo a mesma responsabilidade que estou assumindo de oferecer à sociedade uma visão diversa sobre o que está acontecendo.
Mas é preciso que vocês entendam, mais do que tudo, o mecanismo da coisa, para que possam dar exemplos concretos do que está sendo feito e de forma eficiente, de uma forma que deixe claro aos vossos eventuais interlocutores as evidências clamorosas da enganação que está em curso em toda a grande mídia. O que mostrarei agora pode estar em qualquer jornal ou telejornal, impresso ou eletrônico, de qualquer parte do país, a qualquer hora e a toda hora.
É simples, o método deles: simplesmente transformam boas notícias em más na cara dura. Dão a boa notícia sob um rótulo de má notícia e, se alguém questiona, dizem que a boa notícia está lá, na matéria. E quando você argumenta que a manchete e a forma como a notícia a que ela remete são apresentadas de forma a induzir o receptor da notícia a pensar negativamente sobre um fato positivo, dizem que isso vai da interpretação de cada um, dizem que citaram lado positivo da notícia, sim, e é dessa maneira que fogem do fato de que os aspectos positivos do assunto superam largamente um único aspecto negativo.
Como demonstrei no post de sexta-feira (o anterior a este), a mesma notícia pode conter dois lados. Reproduzi aqui duas manchetes do portal UOL que dão dois enfoques para a mesma notícia – um enfoque positivo e outro negativo. O positivo, veiculado no portal logo pela manhã, dizia que o desemprego em novembro havia sido o menor em 6 anos. Eu nem bem havia terminado de escrever o post sobre o assunto quando constatei que a manchete do UOL sobre ele havia sido desfigurada, transformando-se numa notícia ruim, de que o desemprego havia “subido” em novembro, pois aumentara 0,1 ponto percentual e esse número, que em estatística reflete mais estabilidade do que aumento, foi transformado em aumento.
A mesma coisa aconteceu hoje com uma notícia do jornal Folha de São Paulo que poderia – e que deverá – estar no Jornal Nacional, no Estadão, na Veja, na CBN etc, etc. Com variantes no aspecto marginal, aqui e ali, é claro, mas com idéia-força idêntica, pois a matriz dela é a mesma, a fábrica de desinformação reunida sob um mesmo comando, o do governador de São Paulo, José Serra, o despachante que o topo do topo da pirâmide social brasileira, beneficiária maior da desigualdade hors-concours que vige no Brasil, escolheu para retomar para esse estrato social o controle do Estado e, mais do que de qualquer outra coisa, de seus cofres.
Aquele dado sobre o desemprego, a Folha de hoje apresentou da seguinte forma a seus leitores:
“Mercado de trabalho perde vagas às vésperas do Natal”
Não, não é brincadeira, o jornal disse, na manchete, que o desemprego aumentou, e justamente quando ele se mostra o menor em 6 anos para um mês de novembro. E sabem por que? Devido a ter passado de 7,5% para 7,6%, uma diferença de 0,1 p.p. Isso em pleno mês de novembro, no auge da crise internacional, quando a mídia já alardeava demissões uma depois da outra por aqui e com o maior aumento do desemprego em décadas em praticamente todo o mundo. Agora o fato: o desemprego brasileiro, nesse mês, caiu significativamente em relação a 2007, enquanto o mundo mergulhava em recessão.
A manchete induz ao aspecto menos importante da notícia, a uma perda de vagas que não é da véspera de Natal, propriamente, como diz a manchete, pois o dado refere-se a novembro, quando o aumento de vagas temporárias no comércio consolida-se mesmo é em dezembro, e o pânico internacional de setembro e outubro, então em seu auge, obviamente que pode ter retardado um pouco a reação do comércio, que, no entanto, teve um resultado até surpreendente diante do que se prognosticava. Além disso, as previsões do comércio vêm mudando devido a dados como a grande confiança no futuro que os brasileiros revelaram nas pesquisas Datafolha, Ibope e CNT-Sensus sobre a popularidade do governo Lula e de seu titular.
Porém, a reportagem em questão, que na manchete que remetia a ela imprimiu um viés negativo aos números sobre desemprego, trouxe mais boas notícias, mas sempre sob um rótulo de má notícia. Segundo o coordenador da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Cimar Azevedo, o mercado de trabalho ainda dá sinais de robustez porque:
• A taxa de desocupação de 7,6% é a menor já registrada em um mês de novembro desde o início da série histórica, em 2002.
• O rendimento médio real dos trabalhadores também apresentou bom desempenho, com alta de 0,9% sobre outubro de 2008 e de 4% sobre novembro de 2007, chegando a R$ 1.273,60.
• O resultado, segundo Azevedo, pode ser explicado pelo fato de a maior parte dos postos de trabalho fechados ter sido de trabalhadores sem carteira assinada, cuja renda equivale a pouco mais da metade da dos trabalhadores formais.
• De outubro para novembro, a queda no número de empregados sem carteira foi de 1,3%. Já o número de vagas com carteira permaneceu quase estável, com pequena variação de -0,2%. • Apesar dos anúncios recentes de demissões na indústria, a taxa de desocupação de 2008 será menor do que a de 2007, de 9,3%. De janeiro a novembro deste ano, a média está em 8%.

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