terça-feira, 4 de novembro de 2008

GILMAR MENDES CALADO É UM POETA

Amigos e leitores, transcrevo na íntegra matéria que recebi por e-mail, mas também foi postada no Blog da amiga JUSSARA SEIXAS, POR UM NOVO BRASIL, que está entre os meus favoritos, de onde foi copiado, inclusive o título. Acrescento ainda o que venho sustentando: Calado ou Falando o ministro ? Gilmar Mendes é uma vergonha para a Magistratura Nacional.
GILMAR MENDES CALADO É UM POETA
Em 1964 tínhamos um presidente eleito pelo povo.
Isso mesmo, eleito pelo povo, porque o vice era escolhido pelo povo, nas urnas, não ia a cabresto do Presidente. Jango Goulart era o vice de Jânio, que renunciou em 1961. Jango estava em visita oficial na China e os ministros militares o impediram de assumir a presidência. Assumiu o presidente da Câmara, Ranieri Mazzili. Ocorreram manifestações populares contra o golpe em todo o país. A solução contra o golpe foi a aprovação pelo Congresso Nacional, em 2 de setembro, de uma emenda constitucional que instaurou o parlamentarismo como regime de governo. Jango assumiu a presidência, e em 1963 um plebiscito decidiu a volta do presidencialismo por larga margem de votos. João Goulart presidiu o Brasil de 24 de janeiro de 1963 a 31 de março de 1964.
Como podem notar, as formas civilizadas do diálogo, o respeito às instituições, à Constituição, não foram vilipendiadas. Tudo foi feito para que a democracia, a vontade do povo e a paz prevalecessem. Não adiantou. Em 1964, a oposição, as elites do país e os militares se uniram em uma cruzada contra o povo. Isso mesmo, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, cujo objetivo era mobilizar a opinião pública contra o governo de Jango, foi organizada contra o povo trabalhador e pobre do país, contra a imensa maioria da população. Jango defendia a reforma agrária, a nacionalização das refinarias de petróleo, os direitos trabalhistas, a geração de emprego e renda. Jango queria que todos, até os analfabetos, tivessem direito ao voto, queria reforma na educação para combater o analfabetismo. Queria a lei da remessa de lucros: a maior parte dos lucros deveria ser reinvestida no Brasil. Queria que quem ganhasse mais pagasse mais impostos. Essas medidas atingiriam as classes médias, as classes mais abastadas do país, as classes que sempre querem levar vantagem. Para conquistar o apoio popular, diziam que o comunismo seria implantado no Brasil. Organizaram um terrorismo midiático, inventaram, foi então que surgiu o boato de que comunista comia criancinha, de que quem era proprietário teria que dividir sua casa com mendigos, de que a comida iria ser racionada.
Com apoio financeiro, logístico e intelectual dos EUA, em 31 de março de 1964 os militares dão o golpe. Destituem o presidente eleito pelo povo, Jango se refugia no Rio Grande do Sul, com apoio do Brizola, e de lá vai para sua fazenda no Uruguai. Quem rasgou a Constituição, passou por cima das leis, vilipendiou as instituições governamentais, foram os militares. Dizendo garantir a democracia, jogaram a democracia no lixo e instalaram a ditadura militar. Eles espalharam o terror pelo país, ninguém podia falar contra o regime, pensar contra o regime. As pessoas eram presas, torturadas, mortas, as famílias eram perseguidas. Jornais que ousaram publicar textos contra o regime foram fechados, as máquinas quebradas, jornalistas foram presos e muitos foram mortos, com Wladimir Herzog.
A vigilância pelos órgãos de repressão era constante nas escolas, nas fábricas, nas universidades, nas ruas, nos bares. Bombas eram colocadas em locais públicos onde se reuniam trabalhadores, universitários, professores, artistas, intelectuais, para organizar a resistência à ditadura, como no Riocentro em 1º de maio de 1981, que felizmente estourou no colo dos dois militares do exército que iam colocá-la para ferir e matar muitas das 20 mil pessoas que estavam lá para assistir o show do dia do Trabalho. A idéia dos militares era culpar militantes da extrema esquerda pelo atentado. Com o poderio econômico das elites, com o exército armado até os dentes, com os tanques nas ruas, com ajuda financeira do EUA, com treinamento de agentes da CIA ensinando técnicas de tortura, como deveriam agir os que eram contra a ditadura sanguinária, os que desejavam a volta da democracia e da liberdade? Diálogo não existia, a ordem era atirar primeiro e perguntar depois, não havia negociação, não havia a mínima possibilidade de acordo com os detentores do poder ditatorial e sanguinário. Os que eram a favor do povo, do país, que desejavam volta da democracia e da liberdade, que não desejavam que o Brasil fosse quintal dos EUA, que não queriam que mais brasileiros fossem torturados e mortos nos porões da ditadura, reagiram. Assaltaram bancos, pois era necessário dinheiro para enfrentar o imenso poderio econômico que abastecia a ditadura, financiava as torturas. Mataram o industrial Henning Albert Boilesen, que dava apoio financeiro aos torturadores, colaborava com a ditadura, mataram o militar americano Charles Rodney Chandler, que veio do Vietnã para o Brasil ensinar técnicas de tortura, seqüestraram o embaixador americano Charles Burke Elbrick para trocar por 15 presos políticos que seriam torturados e mortos. Mataram agentes da repressão que estavam na espreita, era matar ou morrer.
Isso tudo está longe de ser terrorismo, como diz o ministro Gilmar Mendes. Eram ações necessárias na época, no momento, para proteger a vida de muitos brasileiros, para que o país se tornasse uma democracia, com liberdade, liberdade de expressão, crescimento, empregos, renda, justiça social e soberania. O ministro Gilmar Mendes fecha os olhos para a história verdadeira do Brasil é uma afronta a nossa memória, a nossa inteligência. O ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, mostra bem de que lado está: do lado da oposição raivosa e violenta, do lado da injustiça.
Jussara Seixas

Um comentário:

CAAD81@HOTMAIL.COM disse...

Esse Gilmar Mendes é um brincalhão. Não vai demorar muito para ele chamar os "maquis" da resistência francesa e os "partizans", que tb combateram os nazistas, de terroristas. Terrorista é essa milicada que tentou explodir o Rio Centro.
Carlos Dória